O Estado de S. Paulo

Em grupo do PSL, líder critica e depois ameniza relação com Maia

Após encontro com Bolsonaro, Major Vitor Hugo usa WhatsApp para atacar a ‘velha política’; depois, elogia Maia

- Camila Turtelli Julia Lindner / BRASÍLIA

Diante do clima tenso entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), usou o grupo de WhatsApp do partido para criticar a chamada “velha política”, logo após visitar o presidente. “Nosso presidente está certo e também convicto de suas atitudes”, escreveu Vitor Hugo.

“As práticas do passado não nos levaram ao caminho em que queremos estar. Todos nós, em particular do PSL, somos agentes para ajudar a mudar a situação em que nos encontramo­s”, escreveu. “Temos a possibilid­ade de escolher de que lado estar... somos todos a nova política.”

Vitor Hugo encaminhou duas mensagens com referência a supostas negociaçõe­s de cargos nos governos Michel Temer e Dilma Rousseff em troca do apoio do Congresso pela aprovação da reforma como exemplos de “velha política”.

A discussão no grupo ao longo do dia foi intensa. Deputados reclamaram que só o DEM tem espaço na Esplanada e protestara­m pela falta de proximidad­e com o governo. A manifestaç­ão do líder do governo na Câmara é mais um capítulo da turbulenta relação que Executivo e Legislativ­o estão passando depois que Maia cobrou um maior empenho do governo para a aprovação da reforma da Previdênci­a.

Irritado com ataques de bolsonaris­tas nas redes sociais, Maia disse ao Estado que o governo é um “deserto de ideias”. O presidente rebateu dizendo que o perdoava “pela situação pessoal que vive” – numa referência a prisão do padrasto da mulher de Maia, o ex-ministro Moreira Franco.

No fim da tarde, Vitor Hugo voltou a publicar no grupo. Desta vez em um tom mais apaziguado­r, com referência à importânci­a de Maia para a aprovação da reforma da Previdênci­a. “O apoio do Maia é importante para a aprovação da Nova Previdênci­a e também do pacote de lei anticrime. Ele mesmo tem sinalizado que cabe ao governo montar sua base e queremos crer que o PSL é pedra fundamenta­l nesse processo”, afirmou.

Ele contou que esteve reunido ao longo da semana com Maia e que também conversou com o ministro da Justiça, Sérgio Moro. “Nesse momento tenso, precisamos buscar pontes.”

Deputado de primeiro mandato, mas com experiênci­a técnica na Câmara, Vitor Hugo tem trabalhado para vencer a falta de vivência política para exercer a função de líder do governo. Ele convocou uma reunião da bancada para amanhã. A reportagem tentou contato com o deputado mas não teve retorno.

Já o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), criticou a articulaçã­o política do governo e afirmou que “é um grande equívoco continuar fazendo essa diferença entre nova e velha política”. Ao Estadão/Broadcast, Waldir avaliou que Bolsonaro e Maia estão numa “acirrada disputada pelo nada”. “O governo não precisa de oposição nesse momento. As ações de algumas pessoas do Executivo e do Parlamento criam um tsunami maior do que qualquer pessoa.”

“As práticas do passado não nos levaram ao caminho em que queremos estar. (...) Temos a possibilid­ade de escolher de que lado estar... somos todos a nova política.” Major Vitor Hugo (PSL-GO) LÍDER DO GOVERNO NA CÂMARA

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-24/1/2019

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