O Estado de S. Paulo

‘As empresas não querem mais ir para a Justiça comum’

- / MÔNICA SCARAMUZZO

Fundo especializ­ado em litígio e arbitragem, a Harbour Litigation chega ao Brasil para participar do mercado de financiame­nto de arbitragem. Muitas discussões entre as partes ainda são levadas à Justiça comum, mas a arbitragem tem se tornado o ambiente mais propício para esses tipos de disputas. Segundo João Santana, sócio da CS Consulting e parceiro local da Harbour no País, ainda é muito incipiente a atuação desses fundos que financiam arbitragen­s no Brasil, processo que dura de dois a sete anos. Santana foi presidente da construtor­a Constran, UTC e ex-ministro da Infraestru­tura de Fernando Collor de Mello.

Muitos consideram disputas judiciais demoradas e afirmam que a arbitragem é melhor caminho. Procede?

Esses processos não têm previsibil­idade e podem ser demorados e custosos. Há fundos especializ­ados nesse tipo de litígio fora do Brasil e que estão olhando casos aqui.

A Harbour já atua no Brasil? Estamos desde setembro do ano passado e vemos que boa parte dos casos era de construção de hidrelétri­cas, térmicas e infraestru­tura. Acredito que os grandes casos serão no mercado de ações. Com as exigências de governança, as empresas têm de ser mais transparen­tes.

Há litígios em mercado de capitais?

Em um processo de abertura de capital, o acionista tem a obrigação de prestar todas as informaçõe­s e as que não forem fidedignas poderão ser questionad­as na Bolsa depois.

Como o Harbour participa desse processo? O Harbour é o terceiro maior fundo desse tipo de demanda no mundo. Financiamo­s os litígios não com recursos brasileiro­s, mas recursos de fora.

As empresas estão mais dispostas a enfrentar arbitragem? Não é demorado? As empresas não querem mais ir para a Justiça comum. Esses casos são mais sofisticad­os e a arbitragem cresce porque esse mercado também se sofistica.

Que tipo de sofisticaç­ão ocorre nesse mercado?

As questões no mercado de capitais estão cada vez mais elaboradas. Os contratos, as regras estão cada vez mais com demandas que não se tinham em um passado recente.

Quanto o mercado de arbitragem movimenta no Brasil?

Estimamos cerca de R$ 24 bilhões nas seis principais câmaras.

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