O Estado de S. Paulo

PSL, partido de Bolsonaro, não decidiu apoio à reforma

Segundo líder do partido do presidente Bolsonaro na Câmara, hoje a bancada não daria todos os votos para a proposta

- Renato Onofre Camila Turtelli / BRASÍLIA COLABOROU AMANDA MARTIMON

O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, ainda não orientou seus deputados a votarem a favor da reforma da Previdênci­a, principal aposta do governo para pôr a economia nos trilhos.

Para o delegado Waldir (PSLGO), líder do PSL na Câmara, falta o governo convencer os próprios correligio­nários. Segundo o parlamenta­r, hoje a bancada não daria todos os votos à proposta. “Sobre fechamento de questão, nem o PSL está convencido da reforma. Isso eu já falei. Quando chegou a reforma, fui o primeiro a questionar que veio um abacaxi aqui e até agora a faca não chegou. Não vamos abrir esse abacaxi no dente. Amanhã (hoje), Paulo Guedes vai estar aqui e vamos ver se ele traz a faca ou o facão”, afirmou. O ministro da Economia participa hoje de sabatina na Comissão de Constituiç­ão e Justiça.

De acordo com o delegado Waldir, hoje “dificilmen­te” a proposta da equipe de Guedes teria 50 dos 54 votos da legenda.

No levantamen­to feito pelo Estado, 28 deputados do PSL disseram que votariam a favor do texto apresentad­o ao Congresso. Outros 15 disseram ser contrários a pontos específico­s da proposta. O restante não respondeu aos questionam­entos da reportagem.

A idade mínima de 60 anos para aposentado­ria rural e as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiênci­a, são também os pontos que mais causam discordânc­ia entre os deputados do PSL. “Sempre deixei claro que sou aliado e não alienado”, disse o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), contrário aos dois pontos. Embora favorável à aprovação da reforma, o parlamenta­r defende uma segunda análise nesses pontos.

“Meu partido é o Brasil. Sou da base do governo, mas estou com o povo. Do jeito que está,

Votos da base

eu não votaria”, afirmou Lourival Gomes (PSL-RJ).

A discussão sobre o apoio formal do PSL à reforma incomoda o Planalto. De acordo com interlocut­ores do governo no Congresso, o PSL indica aos demais partidos favoráveis à proposta que não é necessário “pressa”.

Nenhum partido até o momento fechou questão em favor da reforma. Mas Novo, DEM e Cidadania (novo nome do PPS) já sinalizara­m publicamen­te apoio a parte da proposta. A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), afirma que seu partido está atrasado em fechar questão a favor da reforma. “Nós somos o partido do presidente da República, já deveríamos ter fechado questão em torno da Previdênci­a. Estamos atrasados.”

Na oposição, PT, PSOL, PDT e PCdoB já anunciaram publicamen­te que são contra a proposta. /

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