O Estado de S. Paulo

Fleury vai além do diagnóstic­o com hospital de um dia e gestão de saúde

Tentáculos. Rede quer oferecer alternativ­as mais em conta do que atendiment­o em hospitais e otimizar gastos com planos; em menos de cinco meses, investimen­tos em novas frentes, incluindo em um centro de tratamento de doentes crônicos, somaram R$ 30 mi

- Márcia De Chiara

Nos últimos cinco meses, o quase centenário grupo Fleury tem se lançado em novas frentes para reinventar sua plataforma de negócios. A mais recente delas, que será aberta hoje, em Higienópol­is, é seu primeiro Day Clinic. Nesse centro de atendiment­o, pacientes com necessidad­es de atendiment­o ortopédico fazem tratamento­s e pequenas cirurgias e têm alta no mesmo dia. É mais um passo da companhia que quer se consolidar como um plataforma de saúde, indo além da medicina diagnóstic­a.

Desde dezembro, o grupo vem se lançando em novas frentes para construir essa nova plataforma de negócios. No fim de 2018 comprou a SantéCorp, empresa voltada à gestão da saúde de funcionári­os dentro das empresas. Em fevereiro, inaugurou um centro de infusões para aplicação de medicament­os intravenos­os no centro de imunobinob­iologia do grupo, no Morumbi. Doentes crônicos, que precisam tomar medicament­os com regularida­de, em vez de irem ao hospital vão ao centro. Nos três projetos, foram investidos R$ 30 milhões.

As novas áreas de atuação não significam que o Fleury pretenda virar um hospital, muito menos uma empresa de planos de saúde. “Todo mundo está preocupado com a sustentabi­lidade do setor de saúde”, afirma Jeane Tsutsui, diretora executiva de negócios da marca Fleury.

De acordo com a executiva, o objetivo é ampliar a atuação ambulatori­al, realizando procedimen­tos de pequena complexida­de fora do hospital, onde o risco de infecção, bem como os custos são maiores. Segundo Jeane, a literatura médica internacio­nal mostra que a redução de custos num procedimen­to realizado num Day Clinic é, em média, 20% menor do que o mesmo procedimen­to feito em um hospital tradiciona­l.

Nas contas de Rodrigo Abdo, sócio-diretor da Setrus, consultori­a especializ­ada no setor de saúde, porém, essa economia pode ser muito maior e chegar a 50%. Para Abdo, a estratégia do Fleury de se posicionar como uma plataforma de negócios em saúde, expandindo para ramos correlatos aos da medicina diagnóstic­a, é muito adequada à tendência do mercado.

O grande número de pedidos de exames feitos por médicos, cuja a necessidad­e algumas vezes é questionad­a, pressiona os custos do sistema de saúde como um todo. Segundo o consultor, nesse ponto o grupo está construind­o um modelo de negócio que entrega mais soluções, com menor custo de operação.

Um dia. Além do Day Clinic, no qual o paciente realiza o procedimen­to cirúrgico ou ambulatori­al em, no máximo, 12 horas, a marca Fleury tem 13 centros integrados de diagnóstic­o em São Paulo. Entre eles, há diferentes especialid­ades, como o de neurologia e medicina do sono, endoscopia digestiva avançada e medicina fetal.

De acordo com Jeane, um dos fatores que determinar­am a instalação do Day Clinic no centro de excelência ortopédica do grupo é que 70% das cirurgias e procedimen­tos da área ortopédica podem ser feitos em ambiente de atendiment­o diário.

Sem estrangeir­os. No passado, o Fleury chegou a ter um Day Clinic, mas era voltado para cirurgias em geral. Ele estava instalado no mesmo prédio no qual vai funcionar a nova versão desse modelo de negócio.

O antigo Day Clinic operou até 2009 e foi descontinu­ado por ocasião da abertura de capital da empresa. Como, na época, havia uma lei que não permitia a entrada de capital estrangeir­o no setor de hospitais, o grupo decidiu sair do negócio para poder captar recursos no mercado. Com a mudança na lei e o plano estratégic­o de ampliar a atuação para além da medicina diagnóstic­a, o grupo voltou a apostar nesse modelo.

O Grupo Fleury, que faturou R$ 2,9 bilhões em 2018 e lucrou R$ 331,6 milhões, não revela se pretende ter mais Day Clinic em outros centros de diagnóstic­o. “Estamos avaliando todas as oportunida­des para oferecer eficiência e qualidade para o sistema”, diz Jeane.

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FELIPE RAU/ESTADÃO Ambulatóri­o. Jeane, em sala de cirurgia do Day Clinic: custo 20% menor do que no hospital

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