O Estado de S. Paulo

Com os ‘pés no chão’, Colômbia encara o Catar

Sul-americanos são favoritos, mas o técnico Carlos Queiroz pede seriedade para que time não seja surpreendi­do

- Wilson Baldini Jr.

O empate do Catar diante do Paraguai parece ter surpreendi­do demais Carlos Queiroz. O técnico português da Colômbia pregou muito respeito ao atual campeão asiático, adversário hoje, às 18h30, no Morumbi, pela segunda rodada da Copa América. O “professor” quer evitar que sua equipe sofra da “síndrome de Robin Hood”, que no caso representa tirar dos países mais tradiciona­is no futebol, os “ricos”, para dar aos “pobres”, seleções emergentes.

“Jogar futebol é uma coisa muito difícil. Jogar Playstatio­n é mais fácil”, brincou o treinador, ontem à tarde, no Morumbi, em entrevista, ao tentar explicar que no atual momento da modalidade a disputa sempre é intensa, sem jogos fáceis.

Experiente, Carlos Queiroz, que já trabalhou na seleção iraniana, afirmou que não se pode menospreza­r os adversário­s menos badalados. Ainda mais o Catar, país possuidor de estrutura de primeiro mundo e ganhador de títulos importante­s.

“A seleção do Catar é campeã asiática. Seus campos parecem sonhos da Disney World e são melhores do que os do Brasil, França, Inglaterra. Sánchez (Felix, técnico do Catar) é a ponta do iceberg de um trabalho de vários anos que é bem feito no país”, afirmou o treinador da Colômbia. “Futebol não se ganha com o nome e sim com o trabalho dentro de campo.”

O treinador destacou as qualidades dos jogadores da seleção do Catar. “Eles possuem um futebol dinâmico, de toque de bola rápido e preciso. São muito rápidos no contra-ataque. É um adversário que vai exigir nossa atenção durante todo o jogo.”

A vitória sobre a Argentina na estreia da Copa América não deslumbrou Carlos Queiroz, que ainda coloca sua seleção abaixo de Brasil e Argentina no favoritism­o pelo título, mas, ao mesmo tempo, não descarta a possibilid­ade de levar sua equipe a uma conquista, obtida pela última vez na edição de 2001.

“Nossa equipe realmente possui jogadores experiente­s e que atuam em times importante­s da Europa, mas não posso dizer que somos favoritos contra o Brasil, jogando em casa, e diante

da Argentina. Não vamos vestir este manto (de favorito). Só vamos conseguir igualar esta disputa (chegar ao título), se formos harmonioso­s em campo e isso só se tem com muito trabalho, que ainda precisa ser feito”, afirmou Queiroz.

Diante de jogadores renomados como Mina, Cuadrado e Falcao Garcia, Carlos Queiroz destacou a sempre boa participaç­ão do meia James Rodríguez. “Acho que os ares do Brasil fazem bem a ele”, brincou o treinador, lembrando o fato de o jogador ter sido um dos destaques da Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil, que o levou a ser contratado pelo Real Madrid. “Trata-se de um importante jogador para a Colômbia. Teve uma temporada abaixo das expectativ­as, mas estamos fazendo um trabalho de recuperaçã­o com ele e tenho certeza de que vamos colocá-lo melhor a cada jogo. Espero que os ares de São Paulo façam tão bem a ele como fizeram os de Salvador. E que possamos chegar até o Maracanã”, disse, referindo-se ao local da final do torneio continenta­l no dia 7 de julho.

O treinador comentou o corte do atacante Luis Muriel. “Lógico que é um jogador que fará falta para o grupo, mas temos total confiança em nosso elenco para substituí-lo à altura. Quero saudá-lo com um abraço. Perdemos também uma pessoa importante, mas, como se diz em Portugal, ‘o que não mata, engorda’. Tenho certeza de que esta perda vai nos deixar mais fortes”, afirmou.

A seleção colombiana treinou ontem durante 90 minutos. A imprensa só teve acesso aos trabalhos por 15. O destaque da atividade foi o “bobinho” entre os goleiros, que demonstrar­am grande habilidade com os pés.

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HENRY ROMERO/REUTERS Bons ares. James Rodríguez está com moral com Queiroz

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