O Estado de S. Paulo

Corregedor do MPF quer pente-fino em redes sociais

- Rafael Moraes Moura Breno Pires / BRASÍLIA

O corregedor-geral do Ministério Público Federal (MPF), Oswaldo José Barbosa Silva, pediu um pente-fino em todas as manifestaç­ões de procurador­es em redes sociais. A medida gerou protestos internos entre integrante­s do órgão, que viram no texto uma forma de intimidaçã­o e censura prévia.

Em mensagem disparada a integrante­s do MPF, Silva diz que a sua intenção é “orientar e agir preventiva­mente, de forma a evitar, sempre que possível, a abertura de inquéritos administra­tivos disciplina­res”. O corregedor determinou que a Secretaria de Comunicaçã­o Social da Procurador­ia-Geral da República (PGR) encaminhe relatórios semanais com as postagens.

A recomendaç­ão do corregedor ocorre em um momento em que a atuação de procurador­es é alvo de questionam­entos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que já abriu reclamação disciplina­r contra o coordenado­r da forçataref­a da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, por críticas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL) nas redes sociais.

A atuação de Dallagnol está na mira do conselho após o site The Intercept Brasil publicar supostas mensagens trocadas entre procurador­es e o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre a da Lava Jato.

O presidente da Associação Nacional de Procurador­es da República, Fabio George, é contra o monitorame­nto das postagens. “Os membros do MPF estão preocupado­s com medidas disciplina­res que dizem respeito à liberdade de expressão. Precisamos defender o direito dos colegas de manifestaç­ão e críticas, ainda que duras”, disse George ao Estado.

Em caráter reservado, um dos candidatos ao comando da PGR afirmou que a liberdade de expressão nas redes sociais “não pode ser objeto de censura prévia”. Silva foi indicado ao cargo pela atual procurador­a-geral da República, Raquel Dodge.

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