Corregedor do MPF quer pente-fino em redes sociais
O corregedor-geral do Ministério Público Federal (MPF), Oswaldo José Barbosa Silva, pediu um pente-fino em todas as manifestações de procuradores em redes sociais. A medida gerou protestos internos entre integrantes do órgão, que viram no texto uma forma de intimidação e censura prévia.
Em mensagem disparada a integrantes do MPF, Silva diz que a sua intenção é “orientar e agir preventivamente, de forma a evitar, sempre que possível, a abertura de inquéritos administrativos disciplinares”. O corregedor determinou que a Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhe relatórios semanais com as postagens.
A recomendação do corregedor ocorre em um momento em que a atuação de procuradores é alvo de questionamentos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que já abriu reclamação disciplinar contra o coordenador da forçatarefa da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, por críticas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL) nas redes sociais.
A atuação de Dallagnol está na mira do conselho após o site The Intercept Brasil publicar supostas mensagens trocadas entre procuradores e o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre a da Lava Jato.
O presidente da Associação Nacional de Procuradores da República, Fabio George, é contra o monitoramento das postagens. “Os membros do MPF estão preocupados com medidas disciplinares que dizem respeito à liberdade de expressão. Precisamos defender o direito dos colegas de manifestação e críticas, ainda que duras”, disse George ao Estado.
Em caráter reservado, um dos candidatos ao comando da PGR afirmou que a liberdade de expressão nas redes sociais “não pode ser objeto de censura prévia”. Silva foi indicado ao cargo pela atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge.