Gibraltar libera navio iraniano que EUA tentavam confiscar
Washington tinha enviado ao território britânico um pedido para que o petroleiro fosse retido por mais tempo
As autoridades de Gibraltar liberaram ontem um petroleiro iraniano detido no início de julho, apesar de uma solicitação de última hora dos Estados Unidos para prolongar a imobilização da embarcação. O navio era suspeito de ter tentado levar petróleo para a Síria.
O chefe de governo de Gibraltar, Fabian Picardo, disse ter recebido por escrito a promessa do Irã de que a carga do Grace I – 2,1 milhões de barris de petróleo – não será destinada para a Síria, que está sob embargo da União Europeia (UE).
Atendendo à solicitação das autoridades do território britânico, a Suprema Corte suspendeu o apresamento do navio. Inicialmente prevista para ocorrer pela manhã, a audiência agendada havia duas semanas teve de ser adiada por várias horas, após a Procuradoria de Gibraltar informar que os EUA tinham solicitado que a retenção do petroleiro iraniano fosse prolongada.
“A tentativa de pirataria” americana fracassou, celebrou no Twitter o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, criticando “o nível de desprezo que o governo Trump tem pela lei”. Segundo ele, os EUA “tentaram abusar do sistema judiciário e roubar os bens em alto-mar”.
O capitão e os três oficiais do Grace I, que se encontravam em liberdade sob fiança, foram formalmente liberados. O petroleiro foi capturado em 4 de julho pela polícia de Gibraltar e por forças especiais britânicas, o que provocou uma crise diplomática entre Teerã e Londres.
Em 19 de julho, o Irã reteve o cargueiro britânico Stena Impero no Estreito de Ormuz, alegando desrespeito do código marítimo internacional. A decisão foi vista como uma represália. Ontem, o Reino Unido voltou a pedir a Teerã que libere sua embarcação.
O aumento das tensões diplomáticas ofuscaram os esforços dos países europeus para salvar o acordo nuclear com o Irã, que os EUA abandonaram em 2018.