Em Roraima, esportes ajudam na integração de venezuelanos
Futebol, vôlei e xadrez facilitam a adaptação de crianças e adolescentes que deixaram o país vizinho por causa da crise
Uma escola de esportes mantida pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e pela ONG Visão Mundial utiliza o futebol, vôlei e xadrez para facilitar a integração dos venezuelanos que chegam ao Brasil fugindo da crise econômica e política. Localizado em Boa Vista, capital de Roraima, o projeto oferece aulas para 82 crianças e adolescentes de 5 a 17 anos que vivem nos 15 abrigos da cidade.
É um projeto itinerante. Um professor de Educação Física e dois assistentes, contratados pela ONG, vão até os abrigos e oferecem aulas e atividade física para os venezuelanos. O objetivo do projeto é fazer com que o esporte acelere e facilite a inserção dos estrangeiros.
Todos esses conceitos se materializam na trajetória de Iris Rodriguez, de 41 anos. Ela chegou ao Brasil no ano passado, mas ainda não conseguiu emprego fixo. Trabalhava como auxiliar em um laboratório clínico, chegou a estudar Direito, mas não concluiu o curso. Hoje, ela é diarista e ganha R$ 30 pelos serviços domésticos, como lavar, passar e cozinhar. Iris, o marido e dois dos seus três filhos vivem em quarto alugado por R$ 500, mais água e luz. O espaço é compartilhado com outros venezuelanos, em Boa Vista. Ao todo, são seis pessoas.
Seu marido, Humgles Navarro vende café. Charlee Patete, um dos seus três filhos, é um dos mais entusiasmados com o futebol. “Estou muito feliz que meu filho participe da escola. A felicidade dele é a minha felicidade”, diz Iris.
“As crianças adoram o esporte. É um dos poucos momentos de alegria dos pais, que vivem um contexto de desafios para se adaptar”, explica Renata Cavalcanti, gerente de Projetos da ONG, que promove ações de educação, saúde e proteção à infância em 10 Estados brasileiros.
O desafio do projeto é conseguir se manter. A verba atual acaba em dezembro. Para continuar depois disso, a ONG precisa atrair doações para continuar ensinando futebol e cidadania às crianças venezuelanas.
O custo total para manter o projeto por seis meses é de R$ 54 mil. Desde 2015, Roraima recebe um número crescente de imigrantes venezuelanos que fogem do país natal em razão da crise econômica e política. Hoje estimase que 32 mil estariam vivendo em Boa Vista.