O Estado de S. Paulo

Impasse no Mercosul

Guedes cogita sair se Kirchner fechar o bloco

- / BÁRBARA NASCIMENTO E FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

O ministro da Economia, Paulo Guedes, cogitou ontem a saída do Brasil do Mercosul caso o candidato da ex-presidente Cristina Kirchner vença as eleições e queira fechar o bloco, atrapalhan­do o acordo com a União Europeia. “E se a Kirchner quiser fechar (o Mercosul para acordos externos)? Se quiser fechar, a gente sai do Mercosul. E se quiser abrir? Então vou dizer: ‘Bem-vinda moça, senta aí’”, afirmou o ministro, em evento do banco Santander em São Paulo.

Guedes minimizou um agravament­o da crise no país vizinho e seu impacto para o Brasil. Segundo ele, a indústria automotiva é tão afetada só porque a economia brasileira é muito fechada. “Nosso foco é recuperar a nossa dinâmica de cresciment­o. Desde quando o País, para crescer, precisou da Argentina? Quem disse que esse é o modelo que a gente quer, queremos ter indústria competitiv­a”, disse.

O ministro afirmou que a guerra comercial entre Estados Unidos e China não vai afetar o PIB brasileiro e poderia, no máximo causar, alterações cambiais, que foram minimizada­s por ele. Na sua avaliação, há muito espaço para a disputa entre os dois gigantes econômicos se estender porque as duas potências medem forças para mostrar qual “tem o chifre mais comprido”. Para ele, os EUA vencem essa guerra porque a economia ocidental é mais descentral­izada que a oriental.

Balanço. Guedes avaliou que o primeiro semestre foi produtivo para a equipe econômica. “Eu trabalhava com hipóteses que foram se confirmand­o.” Ele

citou o avanço na resolução do acordo sobre a cessão onerosa e na tramitação da reforma da Previdênci­a e ressaltou que o governo tem tido apoio nas pautas econômicas. “Continuo seguro de que estamos no caminho

certo, estamos recebendo apoio para as pautas principais. A reforma da Previdênci­a avançou bastante, está na reta final no Senado e todas as indicações são de que vamos conseguir aprovações sem mudanças substancia­is. Não é o regime de capitaliza­ção, que é o ideal, mas tiramos esse fantasma que ameaçava o futuro do País”, disse.

Guedes citou ainda a evolução na relação com o Supremo Tribunal Federal (STF) como uma conquista. E exemplific­ou com a jurisprudê­ncia criada para a venda de subsidiári­as de estatais. Para Guedes, essa foi uma das dificuldad­es que teve em Brasília e que foram superadas.

Ele afirmou que quer tocar agora a simplifica­ção de impostos e garantiu ainda que vai continuar vendendo as estatais. “Eu quero vender todas, eu sei que não funciona assim, mas meu trabalho é tentar vender todas”, disse.

O ministro frisou que a venda desses ativos não tem efeito em curto prazo, mas mudará a trajetória de despesas futuras e abaterá a dívida pública do País. “Dá para reduzir o endividame­nto, economia vai crescer, a dívida vai ficando estável e, como porcentage­m do PIB, vai diminuindo.”

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ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL Previsão. Para o ministro Paulo Guedes, os Estados Unidos vão vencer a guerra comercial que travam contra a China

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