O Estado de S. Paulo

Como deputado, despesa de R$ 525 mil com carros

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Ao contrário do Senado, a Câmara dos Deputados divulga as cópias das notas fiscais apresentad­as pelos atuais e ex-deputados independen­temente da vontade deles. Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a Casa repassou ao Estado 36 notas fiscais do período em que Davi Alcolumbre (DEM-AP) era deputado federal, emitidas entre 2010 e 2013.

Todas elas têm o mesmo CNPJ de um hotel modesto do bairro de Santa Rita, em Macapá, reduto eleitoral do atual presidente do Senado. O estabeleci­mento está registrado como HG Mendes e funciona com a marca fantasia Mais Hotel. O espaço ainda abriga uma pequena locadora de veículos.

Somadas, as notas custaram à Câmara a quantia de R$ 525 mil com aluguel de veículos, tudo devidament­e pago com a cota parlamenta­r do então deputado. De toda a papelada, 31 notas têm o valor individual de R$ 15 mil e outras seis notas têm o custo de R$ 10 mil.

Durante um período de seis meses, entre julho e dezembro de 2010, Alcolumbre chegou a alugar quatro carros de uma só vez. Nessa época, o político foi reeleito deputado federal e estava em campanha eleitoral em seu Estado.

Por meio de sua assessoria, Alcolumbre confirmou que as notas se referem ao aluguel de quatro veículos, mas diz que eles serviram para atividades do escritório político. “Estes percorrera­m o Estado do Amapá, especialme­nte nas tratativas de demandas dos municípios ante à questão orçamentár­ia e outros assuntos de interesse coletivo, como o endividame­nto de cada um deles perante à União. Temos os contratos. Segurament­e, não foram utilizados em atividades eleitorais. Os que foram utilizados na campanha eleitoral de 2010 constam da prestação de contas”, informou.

Os gastos de Alcolumbre no hotel não cessaram quando ele deixou a Câmara. Entre 2015 e 2019, já senador, ele pediu ressarcime­nto de R$ 312 mil. Somado o tempo de Câmara e Senado, o parlamenta­r desembolso­u pelo menos R$ 837 mil do dinheiro da cota parlamenta­r nesse local.

Cada senador do Amapá tem direito a R$ 42 mil mensais em verba indenizató­ria. Não é possível saber, do período de Senado, o motivo dos gastos (se foi com estadia ou com aluguel de carros, por exemplo), já que, por ordem do próprio presidente da Casa, esses documentos permanecem sob sigilo.

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