O Estado de S. Paulo

Ex-ministro, advogado morre em São Paulo aos 96 anos

Roberto Gusmão foi um dos articulado­res da candidatur­a de Tancredo Neves à Presidênci­a; enterro será hoje à tarde

-

O ex-ministro Roberto Gusmão morreu ontem, em São Paulo, aos 96 anos. Advogado, empresário e dono de uma carreira longeva na política, foi um dos articulado­res da redemocrat­ização do País.

Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre 1947 e 1948, foi um dos responsáve­is pela campanha “O Petróleo É Nosso” no segundo governo de Getúlio Vargas, durante a década de 1950. É creditada a ele a articulaçã­o da chapa Jan-Jan, com Jânio Quadros na Presidênci­a da República e João Goulart como vice, vitoriosa nas eleições de 1960.

Funcionári­o público federal, concursado como procurador do Trabalho, foi aposentado compulsori­amente após o golpe de 1964 e teve os direitos políticos cassados. Retornaria à política durante a abertura que marcou o fim do regime militar.

Durante os dois primeiros anos do governo de Franco Montoro em São Paulo, de 1983 a 1985, foi presidente do Banco de Desenvolvi­mento do Estado (Badesp). Em seguida, participou da articulaçã­o em Brasília

para a campanha de Tancredo Neves à Presidênci­a da República. A candidatur­a foi lançada pelo próprio Gusmão, quando ainda era secretário de Montoro na Casa Civil do governo paulista.

Ele foi o encarregad­o de consultar pessoalmen­te o então presidente João Figueiredo sobre o nome de Tancredo. Sob estrito sigilo, recebeu do militar o aval para o nome do PMDB contra a chapa de Paulo Maluf, à época no Partido Democrátic­o Social (PDS).

“Sempre atuou muito em apoios de bastidor e facilitand­o conversas na política”, define o filho José Roberto.

A nomeação de Gusmão para a chefia do Ministério da Indústria e Comércio, assim como a

de todos os outros ministros, foi assinada pelo próprio Tancredo antes da morte do político mineiro. Foi empossado com José Sarney na Presidênci­a, e ficou no cargo por cerca de um ano.

Desde então, Gusmão atuou principalm­ente no setor privado. Integrou a diretoria da antiga cervejaria Antarctica e participou das tratativas para a criação da AmBev, onde integrou o Conselho de Administra­ção.

O ex-ministro foi vítima de insuficiên­cia respiratór­ia, e morreu por volta das 15h30. Estava cercado de familiares. Ele deixa esposa, quatro filhos, nove netos e cinco bisnetos. O velório ocorre na manhã de hoje no Cemitério do Morumbi. O enterro está programado para as 13h.

 ?? MARINA MALHEIROS/ESTADÃO ?? Gusmão. Participaç­ão no movimento de redemocrat­ização
MARINA MALHEIROS/ESTADÃO Gusmão. Participaç­ão no movimento de redemocrat­ização

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil