‘Não quero que minha história seja esquecida’
George Takei tinha 5 anos quando foi enviado primeiro para um estábulo, depois para um campo de internamento para japoneses e descendentes em Arkansas. Com o fim da guerra, a família Takei voltou para a Califórnia, e George tornou-se ator.
Seu papel mais famoso é Sulu, da série Star Trek original. Desde aquela época, Takei virou ativista para que a história dos japoneses internados em campos não seja esquecida e jamais se repita. Takei conversou com o Estado:
• Por que essa história foi tão pouco vista no cinema e na TV americana?
Porque é uma parte vergonhosa da história americana. É um dos capítulos que as pessoas querem manter escondido. Para mim, é uma missão pessoal, como sobrevivente, conscientizar sobre esse tema.
Como faz isso?
Fundamos o Museu Nacional Nipo-Americano para institucionalizar a história. Eu faço parte da última geração que passou por essa experiência e não quero que a história morra e escrevi muitos livros, inclusive um em forma de graphic novel, que acabei de lançar.
• É difícil separar a pessoa que passou por aquilo do ator fazendo o personagem?
Acho que pude interpretar meu personagem melhor por ter vivido num campo, mesmo sendo criança na época. Tive muitas conversas com meu pai. Ele contou que ficava arrasado ao ver seus filhos, eu e meus dois irmãos, atrás das cercas de arame farpado. Tínhamos armas apontadas para nós o tempo todo.
O que se lembra da vida no campo?
Eu me lembro que nos ensinaram o juramento à bandeira. Via a cerca de arame farpado e a torre dos sentinelas da janela da escola enquanto recitava as palavras: “Com justiça e liberdade para todos”. Era muito jovem para sentir a ironia cortante dessas palavras, “justiça e liberdade para todos”.