Apps ajudam síndicos a gerir condomínios e reduzir gastos
Facilidades criadas por startups como Lar App e SmartSíndico vão de geração de boleto a agendamento de serviço
Aplicativos de gestão condominial revolucionaram a vida de quem mais precisa cuidar de perto dos prédios: os síndicos. As facilidades tecnológicas se iniciam com a redução da burocracia e a eficiência na comunicação com moradores, mas vão além disso. Com alguns toques, é possível fazer reservas de salões de festas e churrasqueiras, gerar boletos bancários após o vencimento, checar as regras de convivência e ainda reduzir os custos do condomínio.
Apontado como o “calcanhar de Aquiles” de quem precisa viver em comunidade, o agendamento de serviços foi um dos grandes benefícios promovidos pela digitalização do livro de ocorrências. Em casos de condomínio-clube, que contam com áreas de lazer e regras diversificadas, era um problema com que o marido de Ana Rita Oliveira precisava conviver. Como em Salvador não existia nada disponível no mercado, a analista de sistemas fez da necessidade um negócio: criou, em 2016, o My Cond. O app se expandiu para além da Bahia e hoje é utilizado em São Paulo, Paraná, Maranhão, Ceará, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Ana Rita conta que, apesar de o aplicativo ser gratuito, o principal serviço é a geração de boletos (R$ 4,19, a unidade). Deste modo, é possível garantir lucro em escala para a startup. “Nós importamos todas as informações das unidades e o síndico, com um clique, faz a emissão da folha de pagamento. Quando a dívida é quitada, o sistema se atualiza. É uma administração virtual de condomínios. Fazemos tudo o que uma administradora faz, mas à distância”, diz.
Segundo Néia Oliveira, gerente de implantação do Condomínio App, os ruídos que um agendamento podem provocar são inúmeros, a depender de quem anote a demanda e onde a solicitação foi marcada.
“Para o síndico, é muito complicado ter um condomínio com 100 apartamentos, o que gira em torno de 250 pessoas com desejos e necessidades diferentes.
O aplicativo ajuda a manter tudo organizado como em uma planilha, sem os riscos de duplicidade”, defende.
A uma taxa de cerca de R$ 1,50 por unidade e cinco acessos por smartphone, o serviço é atrativo para públicos diversos, de classes A a D. Em São Paulo, o Condomínio App é majoritariamente utilizado por moradores de Alphaville; no Rio de Janeiro, os principais usuários são residentes de conjuntos do programa Minha Casa, Minha Vida. No segmento mais econômico, síndicos conseguem organizar melhor o comércio informal e promover uma comunicação eficiente entre os moradores.
“Há uma área de classificados em que a gente consegue oferecer o ‘match’ de serviços que moradores oferecem, que vão de venda de cosméticos a quitutes, só que sem deixar o
condomínio desorganizado. Além disso, o morador consegue avisar melhor seu vizinho sobre reuniões e até possíveis tiroteios, para alertar o pessoal da segurança”, diz Néia.
Direcionado a esse mesmo público de conjuntos habitacionais foi desenvolvido o aplicativo SmartSíndico em São Paulo. Segundo o empreendedor Guilherme Ribeiro, havia uma demanda reprimida dos condomínios de baixa renda no que diz respeito à administração. “Uma boa administradora nem sempre atende a uma determinada região periférica ou não está interessada em condomínios populares. Há o fator preço.”
Com o aplicativo, o síndico pode gerenciar o condomínio, gerar boletos e até diminuir a inadimplência sob o custo de até R$ 7,90 por apartamento. “No combate à inadimplência, contamos com o fator transparência. O síndico tem de aprovar as contas, e os moradores recebem as informações na hora, com o que foi pago ou não e até quem está em débito. Isso gera uma pressão social: nem o devedor gosta de estar exposto e os outros moradores podem cobrar o vizinho”, explica.
A dívida da inquilina de uma irmã, em Curitiba, foi justamente o pontapé que Rafael Lauand precisava para desenvolver o Lar App com um sócio. “A moradora ficou dois anos sem pagar o condomínio e a administradora sequer entrou em contato para avisá-la.” De acordo com ele, o objetivo é conectar o morador e o síndico e ainda oferecer o serviço de uma administradora a custos mais baixos.
O aplicativo está em funcionamento há pouco mais de um ano em São Paulo e já facilitou a vida de síndicos como José Júnior. “Antes eu tinha dificuldade de fazer a gestão do condomínio, ver o fluxo de caixa, os inadimplentes, quem são os moradores e ter uma visão de manutenção do condomínio.” Agora, consegue até promover pesquisas e saber a opinião dos moradores sobre serviços.
OS MORADORES RECEBEM AS INFORMAÇÕES COM O QUE FOI PAGO E ATÉ QUEM ESTÁ EM DÉBITO. ISSO GERA PRESSÃO: NEM O DEVEDOR GOSTA DE ESTAR EXPOSTO E OS OUTROS PODEM COBRAR O VIZINHO Guilherme Ribeiro SÓCIO DO SMARTSÍNDICO