O Estado de S. Paulo

Aposta nos fantoches

‘O Cristal Encantado – A Era da Resistênci­a’ retoma filme clássico de Jim Henson

- Thaís Ferraz

O Cristal Encantado – A Era da Resistênci­a retoma filme clássico de Jim Henson.

O filme O Cristal Encantado (1982), do criador dos Muppets Jim Henson, é um marco no gênero de fantasia ao mesclar técnicas inovadoras de animatrôni­ca e uma narrativa sombria. Gravado com fantoches, o longa acompanha a jornada de Jen e Kira, dois sobreviven­tes da raça gelfling que precisam combater os ambiciosos skeksis e salvar a terra de Thra.

A série O Cristal Encantado – A Era da Resistênci­a, original da Netflix que estreia em 30 de agosto, retoma e expande esse universo. Fiel ao filme, a produção usa fantoches, não atores. A história se passa muitos anos antes do filme original.

A Era da Resistênci­a surge como a primeira grande produção de streaming centrada em fantoches. E é lançada em uma época em que séries e filmes de fantasia, como O Rei Leão (2019), Toy Story 4 (2019) e Homem-Aranha – No Aranhavers­o (2018) exploram diferentes técnicas de narrativa e animação.

A série também resgata o legado de Jim Henson, diretor, ator, roteirista e marionetis­ta que criou obras como Sam e Seus Amigos (1955), Vila Sésamo (1972) e Labirinto (1986).

Para o diretor da série, Louis Letterier (O Incrível Hulk), a arte de Jim Henson não envelheceu. “Foi a tecnologia de marionetes mais inovadora que existiu, em termos de técnica, e a mensagem do filme é universal”, afirma.

Gravado apenas com fantoches, o filme O Cristal Encantado (1982), de Jim Henson e Frank Oz (Muppets), se tornou um marco no gênero de fantasia. O longa introduziu técnicas inovadoras de animatrôni­ca e arriscou uma narrativa sombria, incomum em filmes com bonecos. Como resultado, criou uma atmosfera complexa, com estética peculiar.

É esse universo que a Netflix retoma e expande na série O Cristal Encantado – A Era da

Resistênci­a, que estreia no dia 30 de agosto. Ambientada muitos anos antes do filme original, a produção acompanha Rian, Brea e Deet, três jovens da gentil raça gelfling que descobrem um terrível segredo por trás do poder dos Skeksis, humanoides monstruoso­s que governam (e exploram) a terra de Thra.

A série busca permanecer fiel ao filme de 1982. Toda a ação é conduzida por bonecos animados, sem atores humanos em cena. Os artistas Brian e Wendy Froud, que assinam os fantoches da produção original, também esculpiram os utilizados na série, produzida pela empresa que gerencia o legado de Henson, morto em 1990. O Cristal Encantado – A Era da Resistênci­a surge como a primeira grande produção de streaming centrada em fantoches. E é lançada em uma época em que séries e filmes de fantasia, como O Rei Leão (2019), Toy Story 4 (2019) e Homem-Aranha – No Aranhavers­o (2018) exploram diferentes técnicas de narrativa e animação.

Para o fundador do Festival Anima Mundi, Marcos Magalhães, há uma tendência comercial em curso no gênero de animação. “A Disney decretou, de certa forma, o fim do 2D, e foi seguida por outras empresas de grande porte”, afirma. Para ele, no entanto, o público é aberto a formatos experiment­ais. “O que vemos hoje é a utilização de narrativas e estilos diversos, que se mesclam”, diz. “Grandes animações não concorrem diretament­e com produções mais ousadas, porque o gosto para cada linguagem é muito pessoal.”

Tecnologia. O lançamento de O Rei Leão é significat­ivo nesse sentido. O diretor, Jon Favreau, inseriu um único frame verdadeiro em meio aos 1.490 planos criados por animadores e artistas de efeitos visuais do filme. A cena passou despercebi­da pelos espectador­es, devido ao realismo do longa.

Animador dos filmes Frankweeni­e (2012), de Tim Burton, e Ilha dos Cachorros (2018), de Wes Anderson, Matias Liebretch afirma que os novos filmes da Disney têm um público específico. “É uma grande empresa, com grande orçamento, que atrai um público de entretenim­ento com franquias que já fizeram muito sucesso no passado”, conta. “Esse tipo de linguagem é uma tendência porque a tecnologia em si é sempre uma tendência, mas não é necessaria­mente uma novidade.”

O animador Alê Abreu, indicado para a Oscar de melhor filme de animação por O Menino e o Mundo (2016), acredita que a tecnologia traz grandes possibilid­ades para a animação,

mas precisa ser encarada com responsabi­lidade. “O realismo é muitas vezes empobreced­or”, lembra. “Ele pode restringir a força do cinema de animação a uma mera técnica”, acrescenta.

Fantoches. A animatrôni­ca envolve processos diferentes da animação. Produtor do filme 31 Minutos, primeiro longa brasileiro filmado com fantoches, Marcos Didonet explica que a técnica empregada no estilo é complexa. “Com bonecos, tudo precisa ser filmado ao mesmo tempo”, explica. “Você precisa ter toda a ambientaçã­o de um set normal de filmagem, com fotografia, captação de som, iluminação e cenário construído.”

Para ele, produções com fantoches têm apelo mesmo em uma época tão tecnológic­a. “Marionetes despertam sentimento­s de nostalgia, muitas vezes quem vai atrás desse tipo de produção é um pai que quer mostrá-la para o filho”, conclui.

 ?? NETFLIX ??
NETFLIX
 ?? NETFLIX ?? Série. Produção mostra terra colonizada por espécie cruel
NETFLIX Série. Produção mostra terra colonizada por espécie cruel
 ?? NETFLIX ??
NETFLIX
 ?? THE JIM HENSON COMPANY ?? Bonecos. Série (no alto) e filme (acima) usam só marionetes
THE JIM HENSON COMPANY Bonecos. Série (no alto) e filme (acima) usam só marionetes

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil