O Estado de S. Paulo

Para Witzel, ‘o Brasil perde’ com polarizaçã­o

Governador diz que País precisa ser unido ‘num projeto de Nação’; repete ser presidenci­ável em 2022, mas tenta reverter saída do PSL de sua base

- Caio Sartori Vinicius Neder / RIO

Em crítica velada ao presidente Jair Bolsonaro, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), afirmou ontem que política brasileira ainda não abandonou o palanque das eleições de 2018. O governador, que já declarou sua intenção de concorrer à Presidênci­a da República em 2022, falou em “união do País”. Também se emocionou ao citar o filho, que é transexual, e pedir mais tolerância na sociedade brasileira.

“Na medida em que a política permanece polarizada, o Brasil perde”, afirmou o governador, em palestra durante a mesa de abertura do Fórum Nacional, organizado pelo economista Raul Velloso, no Rio.

Ao anunciar que pretende concorrer à Presidênci­a em 2022, Witzel tem causado ruído no PSL de Bolsonaro. O governador ressaltou na palestra, pelo segundo dia seguido, o suposto projeto nacional que ele teria para tocar. “Precisamos unir o País num projeto de Nação”, disse. Antes, o governador já havia declarado que o PSC tem um projeto de Brasil.

Como símbolo da união que prega, Witzel sugeriu um aperto de mão com o petista Wellington Dias, governador do Piauí, que estava a seu lado. O governador indicou assim uma postura diferente do radicalism­o do presidente. Dessa forma, tentou se posicionar como candidato mais moderado que Bolsonaro – movimento semelhante ao do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Após a palestra de Dias, Witzel voltou a tomar a palavra e disse que, guardadas discordânc­ias ideológica­s, é preciso manter o diálogo. “Não podemos levar para a intolerânc­ia. Tenho um filho trans, que faz parte do movimento LGBT, embora meu partido (o PSC) seja um partido cristão”, afirmou o governador do Rio.

O governador aproveitou para criticar o prefeito Marcelo Crivella (PRB), que determinou apreensão de uma publicação na Bienal do Livro que exibia beijo entre dois personagen­s masculinos. “(Meu filho) Está no movimento LGBT do prefeito Crivella, que fez aquela lambança toda na feira (Bienal)”, disse Witzel, que disse não ter visto conteúdo considerad­o impróprio. Rompimento. No início da semana, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que preside no Estado o partido do presidente, determinou que a legenda deixasse o governo Witzel. A ordem inclui tanto a base aliada na Assembleia Legislativ­a (Alerj), quanto cargos na gestão.

Até a noite de ontem, porém, nenhuma renúncia foi consumada. Na quarta-feira, Flávio deixou claro que quem quiser continuar como aliado do governador deve se desfiliar do PSL.

A discordânc­ia, que até semana passada se limitava aos bastidores, foi exposta quando Witzel fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro, reafirmou seu desejo de concorrer à Presidênci­a em 2022 e negou que tenha sido eleito por causa da onda bolsonaris­ta de 2018.

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WILTON JUNIOR / ESTADÃO - Governador. Witzel reafirmou interesse em concorrer ao Planalto durante palestra no Rio

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