Brasil luta para se consolidar como sede dos grandes eventos do futebol
Planejamento. Após receber Copa de 2014 e Copa América, País quer o Mundial Sub-20 e a Copa do Mundo Feminina; Fifa dá apoio
O Brasil quer aproveitar a experiência acumulada na organização da Copa do Mundo de 2014 e da Copa América deste ano para receber outros grandes torneios internacionais de futebol e consolidar sua entrada na rota dos grandes eventos do esporte. No próximo mês, o País terá o Mundial Sub-17 e concorre para ser a sede do Mundial Sub20 (2021) e da Copa do Mundo Feminina de 2023.
A candidatura para os eventos faz parte de uma estratégia definida pela CBF para manter o prestígio internacional do Brasil como anfitrião, aproveitando a expertise adquirida nos torneios anteriores. “Não é de hoje que o futebol move os brasileiros e desperta seus sonhos. Mais do que isso, é um importante componente da nossa economia. Por isso, vamos nos candidatar a todos os grandes eventos disponíveis do futebol. A Fifa tem absoluta confiança na nossa capacidade operacional e a prova disso foi a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo Sub-17”, disse Rogério Caboclo em abril, pouco antes de assumir a presidência da CBF.
De fato, a CBF tem na Fifa um aliado de peso nas suas pretensões. “A experiência adquirida pelo Brasil formou um aprendizado importante e valorizado na hora de definir qual será o destino das próximas competições”, admitiu a Fifa ao Estado, por meio de um porta-voz.
Além da Copa e da Copa América, o Brasil organizou com eficiência, em 2016, os torneios de futebol feminino e masculino da Olimpíada do Rio, passando por cidades como São Paulo, Salvador, Brasília, além, é claro, do Rio de Janeiro
A infraestrutura de algumas cidades ajuda nessa visão da Fifa. São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Rio, Fortaleza, Curitiba, Belo Horizonte, entre outras, têm arenas modernas e há nelas uma boa rede hoteleira, por exemplo. Tudo isso conta.
Para o professor de marketing esportivo da ESPM Ivan Martinho, o aprendizado possibilitou o surgimento de empresas e profissionais especializados. “Em um país que já recebeu Copa do Mundo e Olimpíada, nenhum evento vai ser mais complexo do que isso. Tudo o que vier a partir de então, será mais fácil”, afirmou.
Na opinião do especialista, o Brasil também se tornou capaz de formar mão de obra especializada em eventos esportivos. “Essa mão de obra já se formou no País. Isso vai desde o profissional que fornece gerador de energia até a hospitalidade em áreas VIPs, licenciamento, material de merchandising, logística dos eventos e segurança”, explicou Martinho.
Em outubro, o Brasil recebe a Copa do Mundo Sub-17, torneio que desperta grande interesse, principalmente dos clubes europeus que estão adquirindo cada vez mais cedo as promessas do futebol.
O Brasil substituiu o Peru, que não conseguiu cumprir os encargos exigidos pela Fifa, e vai abrigar as delegações de 24 países. Os estádios passam por melhorias, mas apenas retoques, algo bem distante das exigências do caderno de encargos da Copa de 2014.
O estádio Kleber Andrade, em Vitória (ES), uma das sedes do Mundial, contou com investimento de R$ 15 milhões para corrigir falhas de sinalização, aparentes infiltrações nas paredes e falta de acabamento adequado. Brasília e Goiânia são as outras sedes. O torneio começa no dia 26 de outubro, quando o Brasil encara o Canadá, às 17h, no Bezerrão (DF).
Futebol feminino. Ancorado no sucesso de audiência da Copa do Mundo feminina disputada no meio do ano na França, o Brasil se candidatou para ser sede da próxima edição, em 2023. Para a CBF, é o empurrão que as meninas precisam.
“O futebol feminino passa por um momento de franca expansão, a CBF tem feito investimentos importantes para melhorar o calendário, as competições, as estruturas e a divulgação da modalidade. Temos de aproveitar os excelentes equipamentos espalhados pelo País e a vinda da Copa do Mundo teria um efeito muito positivo para isso”, afirmou Caboclo.
Além do Brasil, estão na disputa África do Sul, Argentina, Austrália, Bolívia, Colômbia, Coreia do Sul e do Norte, Nova Zelândia e Japão. As vistorias de instalações dos países candidatos terão início em novembro e dezembro. A escolha do país-sede será feita em março de 2020.
O Brasil também é um dos candidatos a ser sede do Mundial Sub-20 masculino, marcado para 2021. O País superou a primeira fase de concorrência e disputa agora com Indonésia e Peru. A definição será no próximo mês, durante Congresso da Fifa na China. O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, afirmou que a Região Nordeste será a sede da disputa, caso o Brasil seja escolhido.
Embora esses eventos sejam menores em comparação com a Copa do Mundo, as cifras envolvidas são elevadas. Segundo o balanço financeiro da Fifa, as edições de 2017 dos torneios sub-17 e sub-20 tiveram orçamentos somados de R$ 152 milhões. Já a Copa Feminina da França tinha a estimativa de render cerca de R$ 540 milhões.
A Ásia é o grande obstáculo no caminho do Brasil. Como a Fifa tinha vários contratos que previam a disputa de uma Copa das Confederações em 2021 e a competição foi extinta, a entidade entende que precisa compensar o continente com algum torneio. Um dos rivais mais fortes do País pela Copa Feminina é a candidatura conjunta das Coreias, de forte apelo político.