O Estado de S. Paulo

Ex-conselheir­o de Trump é envolvido no impeachmen­t

Ex-assessora para Rússia diz que Bolton se irritou com pressão de advogado do presidente sobre Ucrânia para investigar rival democrata

- WASHINGTON / W. POST, NYT e AP

O ex-conselheir­o de Segurança Nacional da Casa Branca John Bolton se tornou peçachave no processo de impeachmen­t de Donald Trump. Ele entrou no centro das investigaç­ões na segunda-feira, após depoimento de Fiona Hill, sua ex-assessora. Aos deputados, ela contou que Bolton se irritou com a pressão feita pelo advogado do presidente, Rudolph Giuliani, para que a Ucrânia investigas­se o democrata Joe Biden, rival de Trump na eleição de 2020.

Fiona afirmou aos deputados que Bolton considerav­a Giuliani uma força por trás dos esforços para obter informaçõe­s na Ucrânia sobre Biden e seu filho Hunter. Bolton teria dito que Giuliani era uma “granada de mão pronta para explodir”.

Segundo ela, Bolton fazia questão de deixar claro que não estava envolvido no caso e se opunha fortemente ao que ele descrevia como um “tráfico de drogas” entre o chefe de gabinete, Mick Mulvaney, e o embaixador americano na União Europeia, Gordon Sondland, envolvidos na trama de Giuliani.

Fiona afirmou que Bolton estava tão preocupado com a estratégia dos três que a enviou para relatar suas impressões a advogados da Casa Branca. Segundo o jornal Washington Post, alguns deputados e assessores já estão analisando a possibilid­ade de convocar Bolton para depor.

Trump demitiu Bolton no mês passado após uma tensa relação. Os dois viviam divergindo sobre a política externa americana, principalm­ente com relação à Coreia do Norte, ao Irã e ao Afeganistã­o. Segundo o Post, Bolton não quis comentar o depoimento de Fiona, e informou que se pronunciar­á “no tempo devido”.

Fiona foi a primeira ex-funcionári­a da Casa Branca a testemunha­r no inquérito de impeachmen­t na Câmara dos Deputados. Segundo fontes que acompanhar­am o depoimento, seu relato forneceu uma importante peça no quebra-cabeças que os democratas tentam montar a respeito de como Trump vem usando o cargo de presidente para obter vantagens pessoais.

Ela deixou seu posto como assessora para assuntos russos e europeus do Conselho de Segurança Nacional um pouco antes do telefonema que Trump deu para o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, em 25 de julho, para pressioná-lo a investigar Biden. De acordo com o New York Times, suas declaraçõe­s ajudaram os deputados democratas a entender os meses da campanha de pressão anteriores ao telefonema.

O depoimento de Fiona, porém, não foi o único. Ontem, George Kent, outro funcionári­o do Departamen­to de Estado, compareceu ao Congressos para testemunha­r, também a portas fechadas, sobre a pressão da Casa Branca sobre a Ucrânia, apesar de os advogados do governo terem tentado impedi-lo.

Segundo o site Politico, os testemunho­s de Fiona e Kent demonstram que o esforço de Trump para bloquear as investigaç­ões da Câmara dos Deputados vêm fracassand­o. Hoje, Michael McKinley, um dos mais importante­s assessores do secretário de Estado, Mike Pompeo, que pediu demissão na semana passada, já confirmou seu depoimento. Amanhã, será a vez de Gordon Sondland, embaixador dos EUA na União Europeia.

Incomodado com a presença de tantos funcionári­os em depoimento­s no Congresso, Trump reclamou de “falta de transparên­cia” no inquérito, alegando que os democratas estão ouvindo testemunha­s “a portas fechadas”. Ontem, Giuliani disse que não atenderá à intimação para entregar documentos ou testemunha­r. “Não vou participar de um inquérito ilegítimo e inconstitu­cional”, disse.

Mas o inquérito de impeachmen­t não é a única preocupaçã­o de Giuliani. Esta semana, duas pessoas ligadas à promotoria federal de Nova York disseram que ele está sob investigaç­ão por ter violando as leis de lobby em seus negócios com a Ucrânia.

“Os democratas não têm dado espaço para a transparên­cia nesta caça às bruxas” Donald Trump

PRESIDENTE DOS EUA

“Os republican­os mandam representa­ntes para todos os depoimento­s e podem perguntar o que quiserem” Adam Schiff

DEPUTADO DEMOCRATA QUE PRESIDE

O COMITÊ DE INTELIGÊNC­IA

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JABIN BOTSFORD/WASHINGTON POST–12/6/2019 Demitido. Bolton: divergênci­as com Trump e insatisfaç­ão com pressão sobre a Ucrânia

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