Odebrecht trava queda de braço por dívida da Atvos
AOdebrecht está numa queda de braço com os credores da Atvos, seu braço sucroenergético, para amarrar um compromisso sobre o quanto da dívida de cerca de R$ 12 bilhões ficará dentro da empresa. Ou seja, a fatia que terá privilégio de pagamento, feito com a geração de caixa da companhia, após certa carência. Enquanto a Atvos quer se comprometer com um mínimo entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões, os bancos credores pedem entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões. O restante da dívida seria convertida nas tais debêntures participativas, apartadas na Atvos Holding, um instrumento participativo. Essas debêntures, conforme já sinalizado no plano de recuperação apresentado, carregam a promessa de “pago quando puder”.
» Estica e puxa. O jogo gira em torno de duas relevantes questões para a Odebrecht. A primeira é determinar um montante de dívida que não comprometa totalmente suas receitas. Num melhor cenário, a Atvos trabalha com a possibilidade de a usina elevar sua produção para 36 milhões de toneladas ao ano, o que permitiria abarcar um montante maior de dívida dentro da unidade operacional. Um segundo ponto é que as receitas da Atvos estão entre aquelas com as quais a Odebrecht pretende contar para compor o fluxo de pagamento das dívidas da holding e das demais companhias que também estão em processo de recuperação judicial.
» Unha e carne. As conversas de renegociação da dívida da Atvos e da Odebrecht estão, portanto, bastante interligadas. Tanto que a Assembleia Geral de Credores (AGC) da Atvos, do dia 24 de outubro, deve ser instalada e suspensa, numa tentativa de acontecer junto com a da Odebrecht, dia 18 de novembro. Mas já existe uma premissa de que mesmo a AGC da Odebrecht será instalada e suspensa, para dar mais tempo ao fechamento de todas as negociações em andamento. Procurada, a Atvos afirma que segue com as negociações com seus credores buscando a melhor estrutura de capital para o negócio.
» Definido. A diretora de crédito imobiliário do Itaú Unibanco, Cristiane Magalhães, é forte candidata a ser a próxima presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). As eleições na entidade ocorrem no mês que vem, mas o nome da executiva, que ocupa uma das vice-presidências, já seria consenso entre os associados. O mandato tem duração de dois anos.
» Nunca antes. Caso seu nome seja confirmado, Cristiane Magalhães (é regra do manual da casa tratar pelo primeiro nome) será a primeira mulher no comando da Abecip desde que a entidade foi criada, em agosto de 1967. Além disso, ela assumirá o posto de representante dos bancos que atuam no crédito imobiliário em um momento histórico do setor, justificativa que desperta o interesse de outros candidatos. Com a Selic podendo cair abaixo dos 5% já neste ano, o segmento caminha para renovar o menor patamar de juros, visto durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, o que deve turbinar o financiamento da casa própria no País. Magalhães substituirá, caso eleita, o diretor do Santander Brasil, Gilberto Duarte, no comando da Abecip. » Para empresas também. O banco de câmbio Bexs estrutura para o primeiro semestre de 2020 uma plataforma digital de operações de câmbio para pessoa jurídica. O banco já desenvolveu uma ferramenta semelhante, mas só para pagamentos de pessoa física, e que está por trás das transações de câmbio feitas para empresas como Spotify.
» Digital gangs. Os crimes financeiros, fraudes e custos de cibersegurança já representam uma despesa de US$ 525 milhões ao ano para os maiores bancos em todo o mundo, de acordo com um estudo da McKinsey. O número reflete majoritariamente custos considerados indiretos, os quais somam US$ 200 milhões, enquanto as receitas perdidas são de apenas US$ 50 milhões. Os custos indiretos envolvem transações declinadas ou falhas de autenticação, além de perda de reputação junto aos clientes. Com a remediação dos danos e penalidades regulatórias, os bancos gastam outros US$ 150 milhões.
» Melhor. A despeito do crescimento mais fraco da economia, a tomada de crédito a partir de duplicatas deve registrar aumento este ano superior ao verificado em 2018. A Central de Registro de Direitos Creditórios (CRDC) estima que a concessão alcançará R$ 967 bilhões, alta de 24% na comparação com o ano passado. O aumento supera os 17% de crescimento registrados em 2018 em relação a 2017, quando a concessão de crédito por meio de duplicatas foi de R$ 777 bilhões.
COM ALTAMIRO SILVA JR.