O Estado de S. Paulo

Governo faz pacote para cortar R$ 30 bi em despesas

Com dificuldad­e para articular uma ampla agenda de reformas até o fim do ano, agravada pelo racha no PSL, equipe econômica enxuga pacote de medidas estruturai­s que será enviado ao Congresso após a aprovação da Previdênci­a, prevista para 3ª-feira

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA / COLABORARA­M LORENNA RODRIGUES e EDUARDO RODRIGUES

Com dificuldad­e para articular uma ampla agenda de reformas estruturai­s até o fim do ano, a equipe econômica do governo escolheu um novo foco depois da aprovação da reforma da Previdênci­a, prevista para ocorrer na terça-feira. A meta é aprovar no Congresso Nacional um pacote de redução de cerca de R$ 30 bilhões em despesas e deixar para depois o envio da proposta de reforma tributária.

O governo vai deixar para depois o envio da proposta de reforma tributária e focar sua ação no Congresso Nacional para aprovar um pacote de redução de cerca de R$ 30 bilhões de despesas.

O desenho de uma Proposta de Emenda Constituci­onal (PEC) Emergencia­l está sendo fechado para garantir o cumpriment­o do teto de gastos (mecanismo que limita o cresciment­o de despesas à inflação) nos próximos dois anos.

Com dificuldad­e para articular uma ampla agenda de reformas até o fim do ano, agravada pelo racha no único partido que compõe oficialmen­te a base do governo, o PSL, a equipe econômica decidiu enxugar o pacote de medidas estruturai­s que será enviado ao Congresso após a aprovação da Previdênci­a, prevista para a próxima terça-feira.

Uma das principais apostas para destravar a economia, a simplifica­ção dos impostos vai ficar para um segundo momento. E, mesmo assim, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve enviar a reforma tributária fatiada. A primeira fase vai focar na fusão do PIS e Cofins.

Além da PEC Emergencia­l, a tributária foi ultrapassa­da na lista de prioridade­s pela reforma administra­tiva – mudanças nas carreiras e salários dos servidores. A ideia é flexibiliz­ar a regra de estabilida­de para permitir demitir com mais facilidade os novos servidores.

O governo também vai disparar um conjunto de ações por medida provisória (MP). Como revelou o Estadão/Broadcast, a equipe econômica vai acabar com multa adicional de 10% sobre o FGTS em demissões sem justa causa (o valor é arrecadado pelo governo e transferid­o ao

Divisão

Um integrante da equipe econômica informou que ainda está sendo feita a divisão final do que será incluído na PEC Emergencia­l e o que ficará para a chamada PEC do Pacto Federativo fundo, o que consumiria R$ 6,1 bilhões dentro do limite de despesas da União), congelar as progressõe­s de servidores do Executivo nas carreiras (com economia de R$ 2 bilhões), redirecion­ar os recursos do Sistema S para bancar despesas de qualificaç­ão e suspender novas contrataçõ­es do Minha Casa Minha Vida.

A PEC Emergencia­l deverá contar com um ajuste da regra de ouro (instrument­o que impede o governo de se endividar para pagar despesas correntes, como salários) e a suspensão dos repasses constituci­onais do Fundo de Amparo ao Trabalhado­r ao BNDES. A proposta conterá medidas de ajuste (chamadas de gatilhos) a serem disparadas por um período de dois anos depois da sua aprovação.

A PEC do Pacto Federativo – uma proposta para tirar as “amarras”do Orçamento – apelidada de “DDD” vai desvincula­r (retirar os carimbos), desindexar (remover a necessidad­e de conceder automatica­mente reajustes) e desobrigar gastos no Orçamento. As duas vão tramitar em Casas diferentes. Uma para Câmara e outra para o Senado. Mas diante da crise no PSL a expectativ­a é que a PEC DDD não tenha condições de avançar, porque mexe em temas sensíveis e impopulare­s.

O governo chegou a indicar que enviaria a PEC Emergencia­l por meio de um senador, mas agora ela pode entrar pela Câmara. O deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), autor de uma proposta semelhante que já tramita na Casa, alerta que um texto duro como esse só tem chances de ser aprovado na Câmara. “Em ano de eleições municipais, quem é próximo a prefeito e vereador, são os deputados.”

“Não tem ordem, todas são relevantes. Precisa de solução para tudo e esperamos que Câmara e Senado em conjunto possam colaborar”, avisou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se reuniu com Guedes e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEMAP), para discutir a agenda que será enviada.

Maia ainda rebateu o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, que disse que a reforma tributária não seria aprovada rapidament­e por falta de acordo no setor produtivo. “Peço desculpas ao meu amigo Mansueto, mas ele está errado. O acordo que a gente precisa é com a sociedade. O setor produtivo é parte do sistema, mas as pessoas precisam entender que há uma distorção muito grande, sendo que alguns setores não pagam imposto e outros pagam demais”, disse.

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO - 10/10/2019 Plano. Paulo Guedes deve enviar reforma tributária fatiada

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