O Estado de S. Paulo

Solução não envolve armas, mas estratégia

- José Vicente da Silva

Um assalto nesses moldes, assim como o de Guarulhos, em julho, ocorre quando há o vazamento de informaçõe­s estratégic­as das empresas envolvidas com a movimentaç­ão do dinheiro. As duas ações tiveram um planejamen­to extremamen­te sofisticad­o. São criminosos com boa capacidade de organizaçã­o e de investimen­to, uma vez que a execução do crime é cara. E, por isso, muitas vezes estão ligados a facções criminosas – que podem financiar a ação.

É importante que, a partir de situações como essa, as polícias iniciem um estudo de caso para buscar todas as vulnerabil­idades que permitiram a ação. É o segundo roubo de grande escala e risco em aeroportos de São Paulo no ano.

Sou contrário ao uso de armas por vigilantes dessas empresas por não acreditar que seja válido arriscar a vida de alguém por uma questão patrimonia­l. Essas empresas não dão treinament­o de tiro e de operações como a polícia. Por isso, as chances de algo sair errado são muito grande. O uso de armamento mais pesado também não vai desestimul­ar os criminosos, a única consequênc­ia seria a morte de mais pessoas em uma ação. Considero que a melhor forma de inibir esse tipo de ação seria adotar uma estratégia já muito usada na Europa: o sistema de tinta nos malotes de transporte. Assim como os bancos começaram a fazer no Brasil com caixas eletrônico­s. A solução para esse tipo de crime não é poder de fogo, mas diminuir a possibilid­ade de os criminosos levarem o dinheiro.

✽ MEMBRO DO FÓRUM NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E EX-SECRETÁRIO NACIONAL DE SEGURANÇA

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