Solução não envolve armas, mas estratégia
Um assalto nesses moldes, assim como o de Guarulhos, em julho, ocorre quando há o vazamento de informações estratégicas das empresas envolvidas com a movimentação do dinheiro. As duas ações tiveram um planejamento extremamente sofisticado. São criminosos com boa capacidade de organização e de investimento, uma vez que a execução do crime é cara. E, por isso, muitas vezes estão ligados a facções criminosas – que podem financiar a ação.
É importante que, a partir de situações como essa, as polícias iniciem um estudo de caso para buscar todas as vulnerabilidades que permitiram a ação. É o segundo roubo de grande escala e risco em aeroportos de São Paulo no ano.
Sou contrário ao uso de armas por vigilantes dessas empresas por não acreditar que seja válido arriscar a vida de alguém por uma questão patrimonial. Essas empresas não dão treinamento de tiro e de operações como a polícia. Por isso, as chances de algo sair errado são muito grande. O uso de armamento mais pesado também não vai desestimular os criminosos, a única consequência seria a morte de mais pessoas em uma ação. Considero que a melhor forma de inibir esse tipo de ação seria adotar uma estratégia já muito usada na Europa: o sistema de tinta nos malotes de transporte. Assim como os bancos começaram a fazer no Brasil com caixas eletrônicos. A solução para esse tipo de crime não é poder de fogo, mas diminuir a possibilidade de os criminosos levarem o dinheiro.
✽ MEMBRO DO FÓRUM NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E EX-SECRETÁRIO NACIONAL DE SEGURANÇA