O Estado de S. Paulo

Barril é achado; Shell alega venda a terceiros

- André Borges / BRASÍLIA Roberta Jansen / RIO

A Marinha confirmou ontem que o navio patrulha Guaíba recolheu um tambor de 200 litros de óleo na Ponta de Tabatinga, a 7,4 km da costa de Natal (RN). Esse apresentav­a o logotipo da Shell, estava cheio e não apresentav­a vazamentos.

Amostras do conteúdo foram enviadas para análise no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira. A Marinha ressaltou, no entanto, que “os dados disponívei­s até o momento não permitem concluir se o episódio tem relação com outros tambores encontrado­s no litoral de Sergipe (que também tinham o logo da Shell) ou com o óleo que tem se espalhado pelas praias do Nordeste”.

A Shell havia informado que os tambores encontrado­s em Sergipe eram originalme­nte embalagens de lubrifican­tes para navios, de um tipo que não é produzido no Brasil. A empresa disse também que não havia reutilizad­o seus tambores.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, a Shell afirmou que recebeu a informação de que um novo barril havia sido encontrado. “Trata-se de embalagem de Omala S2 G 220, uma outra linha de lubrifican­tes”, esclareceu, lembrando que, segundo a própria Marinha, o tambor estava fechado e não apresentav­a vazamento.

Oriente Médio. Mas o Estado obteve com exclusivid­ade a informação de que os barris achados foram produzidos e comerciali­zados por empresas do grupo Shell localizada­s na Europa e no Oriente Médio. Em documento sigiloso, a Shell encaminhou ao governo brasileiro dados de dois compradore­s dos produtos encontrado­s no Brasil. A primeira é a empresa Hamburg Trading House FZE, uma distribuid­ora com base nos Emirados Árabes, que adquiriu 20 tambores. O segundo cliente é a empresa Super-Eco Tankers Management, com base em Monróvia, na Libéria, que comprou cinco tambores do lote da Shell.

O lote de tambores, que tem data de 17 de fevereiro de 2019, foi produzido em Dubai pela Shell Markets. No documento, a Shell informa que o primeiro tambor encontrado com a logomarca da empresa “não foi produzido ou comerciali­zado pela Shell Brasil” e se trata, efetivamen­te, de um “produto líquido límpido, de coloração âmbar”, diferente do que está invadindo o litoral do Nordeste.

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