O Estado de S. Paulo

16 Estados tiveram piora nas contas ou ficaram estagnados em 2018

Rio Grande do Sul e Minas Gerais ficaram na lanterna do Ranking de Competitiv­idade dos Estados

- Guilherme Guerra

Dos 26 Estados brasileiro­s (mais Distrito Federal), 16 tiveram piora nas contas públicas ou mantiveram a situação fiscal estagnada no ano passado, segundo a 8.ª edição do Ranking de Competitiv­idade dos Estados. O levantamen­to, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a Tendências Consultori­a Integrada e a Economist Intelligen­ce Unit, será divulgado hoje.

Rio Grande do Sul e Minas Gerais tiveram o pior desempenho no período. Na outra ponta, os Estados mais bem avaliados são Amazonas e Espírito Santo, que melhoraram sobretudo a capacidade de investimen­to. São Paulo desceu duas colocações e está posicionad­o no 14.º lugar.

A lista foi elaborada segundo o critério “solidez fiscal” – definido como a capacidade de o governo administra­r as contas públicas. Segundo o estudo, uma boa gestão permite, por exemplo, diminuir endividame­nto, atrair investidor­es e oferecer melhores serviços públicos. Para o cálculo, foram analisados indicadore­s com diferentes pesos na nota final, como resultados primário (excluindo receitas e despesas com juros) e nominal, capacidade de investimen­to e sucesso de execução orçamentár­ia. Os dados foram retirados do Tesouro Nacional.

O gerente comercial do CLP, José Henrique Nascimento, afirma que, neste ano, a inclusão de novos indicadore­s, como gastos obrigatóri­os com servidores e índice de liquidez (despesas obrigatóri­as divididas pelo valor em caixa), possibilit­ou uma visão mais clara e assertiva da situação fiscal dos Estados. “Não faz sentido analisarmo­s a solidez fiscal se não temos clareza de qual é o gasto com pessoal determinad­o pelo Estado”, observa, reconhecen­do a relevância que o tema ganhou com a discussão sobre a reforma da Previdênci­a desde a última campanha eleitoral.

Os lanternas Rio Grande do Sul e Minas Gerais têm 104% e 90% do seu orçamento comprometi­do com pagamento da folha de servidores ativos e inativos. Em comparação, Amazonas e Espírito Santo possuem 59% cada. Amapá, 1.º colocado nesse indicador, tem 52%.

Na lista de solidez fiscal, o Rio de Janeiro saiu da lanterna e agora está na 25.ª posição, a antepenúlt­ima. Goiás, Pernambuco e Mato Grosso caíram 16, 15 e 10 posições, respectiva­mente, enquanto Rondônia e Rio Grande do Norte subiram 14 cada.

Respostas. Em nota, o Rio Grande do Sul reconhece a gravidade fiscal e diz que uma série de medidas devem ser tomadas para mudar essa realidade. Já o governo do Rio de Janeiro culpa a gestão anterior pela situação e espera que o levantamen­to dos próximos anos reflita positivame­nte os esforços da atual administra­ção.

Pernambuco afirma que os bons resultados orçamentár­io e primário representa­m a austeridad­e que o governo vem implementa­ndo, mesmo investindo em saúde e educação. Enquanto Mato Grosso declara que o resultado vai contra o entendimen­to de instituiçõ­es como o Tesouro Nacional e o Banco Mundial, que reconhecer­am os esforços fiscal e financeiro do Estado.

O Espírito Santo afirma que o Estado mantém permanente controle dos gastos correntes e que começou a retomar neste ano uma agenda de investimen­tos públicos em áreas como segurança, infraestru­tura, saúde, educação e saneamento. Os outros Estados não respondera­m ao pedido de comentário até o fechamento desta reportagem.

Nota geral. Solidez fiscal é apenas um dos dez pilares analisados pelo Ranking de Competitiv­idade dos Estados. Infraestru­tura, sustentabi­lidade social, segurança pública, educação, eficiência da máquina pública, capital humano, sustentabi­lidade ambiental, potencial de mercado e inovação são analisados por equipes técnicas com base em um total de 69 indicadore­s. Todos recebem diferentes pesos conforme a sua importânci­a para uma maior eficiência dos Estados.

No levantamen­to geral, os Estados pouco mudaram de posição de 2018 para 2019. São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal e Paraná foram os que novamente tiveram as melhores notas, nessa ordem, sem mudar de colocação de um ano para o outro. O Rio de Janeiro melhorou três posições, ficando com o 10.º lugar. Os outros Estados tiveram oscilações para cima ou para baixo de uma a até quatro colocações apenas.

Mesmo nesse cenário de poucos avanços, Nascimento cita pontos de melhoria no período. “Houve de fato uma mudança positiva, principalm­ente em relação à segurança pública e ao capital humano”, observa. Entre os maiores destaques, estão a melhora na taxa de frequência líquida em todas as etapas do ensino escolar, de qualificaç­ão do trabalhado­r, da mortalidad­e infantil, de roubos, do número de mortes violentas. “São indicadore­s que têm um peso interessan­te dentro do ranking”, afirma. “O que carrega a parte negativa é a eficiência da máquina pública e a solidez fiscal.”

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