O Estado de S. Paulo

Veto cai e fundo eleitoral pode crescer de valor

Parlamenta­res poderão definir, a cada eleição, o valor dos recursos públicos a financiar campanhas; para 2020, governo propõe R$ 2 bi

- Daniel Weterman / BRASÍLIA / COLABORARA­M LORENNA RODRIGUES e IDIANA TOMAZELA

O Congresso derrubou ontem sete vetos do presidente Jair Bolsonaro à minirrefor­ma eleitoral, incluindo o que impedia um aumento do valor destinado às campanhas de prefeito e vereador no ano que vem a critério dos parlamenta­res. Agora, a quantia de dinheiro público será discutida a cada eleição. O governo quer limitar o gasto em R$ 2 bilhões, mas partidos atuam para dobrar o valor para R$ 4 bilhões.

O Congresso derrubou ontem sete vetos do presidente Jair Bolsonaro à minirrefor­ma eleitoral, incluindo o que impedia os parlamenta­res de aumentarem o quanto quisessem o fundo eleitoral, destinado a financiar as campanhas políticas. Com isso, os deputados e senadores poderão definir a cada eleição o valor do fundo público. Para a disputa municipal do ano que vem, dirigentes partidário­s atuam para que a quantia seja de R$ 4 bilhões. O governo propõe R$ 2,034 bilhões.

Ao retomar parte do texto original da minirrefor­ma, aprovada em setembro, deputados e senadores retiraram os critérios que hoje definem o valor do fundo eleitoral – que agora será discutido a cada eleição. Para 2020, o valor será definido na lei orçamentár­ia anual, que deve ser votada no dia 17 de dezembro, segundo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Em 2018, o fundo eleitoral destinou R$ 1,71 bilhão para as campanhas a presidente, governador­es, senadores e deputados. Parlamenta­res, incluindo Alcolumbre, alegam que o valor é insuficien­te para financiar as campanhas do ano que vem, que envolvem disputas nos 5.570 municípios do País.

No Congresso, 267 deputados e 49 senadores votaram para retomar a brecha do fundo eleitoral. O próprio governo entrou no acordo para rejeitar o veto presidenci­al.

Dos que votaram contra a brecha, estão parlamenta­res de Cidadania, Podemos, PSDB e PSL, além de alguns “desertores” de legendas que apoiaram a retomada da proposta.

O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), criticou o “acordão” feito entre os líderes para derrubar o veto. “Foi uma manobra para ludibriar a população e os partidos ficarem com mais dinheiro”, disse.

Além de retomar a brecha para aumento do fundo, o Congresso derrubou veto de Bolsonaro ao trecho do projeto que permite aos partidos usarem recursos públicos para pagar passagem de avião a quem não é filiado.

Ao vetar este item, o governo alegou que a proposta “desvirtua o escopo do financiame­nto público da atuação do partido político”, pois abre espaço para gastos que não estejam estritamen­te ligados aos interesses das legendas.

Apenas um veto presidenci­al no projeto foi mantido: o que trata sobre prestação de contas dos partidos políticos. O texto aprovado pela Câmara em setembro permitia que as legendas utilizasse­m qualquer sistema de contabilid­ade disponível no mercado para enviar os dados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que poderia dificultar a fiscalizaç­ão e prejudicar a transparên­cia nos dados. Com o veto, eles continuam com a obrigatori­edade de utilizar o sistema próprio da Corte.

Propaganda. Uma nova sessão do Congresso foi marcada para a próxima terça-feira, para analisar os demais vetos de Bolsonaro à minirrefor­ma eleitoral. Na lista, está o que impediu a volta da propaganda partidária em rádio e TV, exibidos em anos em que não há eleição e no primeiro semestre anterior ao da eleição.

O Ministério da Economia estima um impacto de R$ 400 milhões no Orçamento do ano que vem, relativo à compensaçã­o fiscal dada à emissoras. Ou seja, as empresas de comunicaçã­o deixariam de pagar este valor em imposto em troca de levar ao ar a publicidad­e dos partidos.

Na época em que a propaganda partidária foi extinta, em 2017, a justificat­iva dos parlamenta­res foi de que o valor desta compensaçã­o fiscal seria destinado ao fundo eleitoral.

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GABRIELA BILO/ESTADÃO Congresso. Parlamenta­res discutem os vetos durante sessão presidida por Alcolumbre

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