PSL suspende filho de presidente e outros 13 aliados.
Filho do presidente, que pode deixar de ser líder do partido, será suspenso por um ano
Em uma retaliação ao grupo político do presidente Jair Bolsonaro, a cúpula do PSL decidiu ontem suspender 14 deputados “bolsonaristas” que são alvo de processos disciplinares. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho “zero três” do presidente, recebeu a maior punição e ficará proibido de exercer atividades partidárias por um ano.
Na prática, Eduardo deve perder a liderança do PSL na Câmara e cargos em comissões, como a vaga de suplente na CPI das Fake News. Ele só manteria o comando da Comissão de Relações Exteriores porque foi eleito pelos demais integrantes do colegiado e, pelo regimento da Casa, fica imune a quaisquer alterações feita pelo partido.
A punição, contudo, não tem efeito imediato e ainda precisa ser referendada pelo Diretório Nacional da legenda, que é controlado pelo presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE). Isso só deve ocorrer na semana que vem.
Mesmo assim, deputados da ala “bivarista” da sigla já recolhiam assinaturas ontem na bancada para destituir Eduardo da liderança. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), outra exaliada de Bolsonaro, é a mais cotada para assumir o cargo interinamente.
A suspensão de Eduardo e de aliados frustra as expectativa da ala ligada a Bolsonaro, que contava com uma punição mais dura, como a expulsão, para poder deixar o PSL sem o risco de perder o mandato. Pela regra da fidelidade partidária, um deputado não pode deixar o partido pelo qual foi eleito sob risco de perder o cargo.
Há, porém, algumas exceções. Uma delas é justamente a expulsão da sigla, que poderia servir como “justa causa” para a troca partidária. Em entrevista à Rádio Eldorado anteontem, advogada da família Bolsonaro e tesoureira do Aliança Pelo Brasil, Karina Kufa, disse que seria “um favor” retirarem eles da legenda.
Segundo Karina, o PSL tem adotado uma tática de abrir vários processos de expulsão contra os parlamentares aliados de Bolsonaro para provocar “medo e terror”. “Estão fazendo isso para vir com penalidades que só visam criar um processo vexatório, não um processo democrático. Se não está satisfeito com o parlamentar, expulse e deixe ele viver a vida em outro partido”, afirmou a advogada.
A intenção do grupo é migrar para o Aliança pelo Brasil, sigla que Bolsonaro tenta tirar do papel a tempo das eleições de 2020. Para isso, será preciso recolher ao menos 491 mil assinaturas de eleitores, distribuídas em noves Estados.
“Nunca imaginei que seria cassado por deputados que na eleição falaram que iam colocar suas energias para acabar com a corrupção.”
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)
DEPUTADO FEDERAL
Além de Eduardo, devem ser suspensos os deputados Bibo Nunes (RS), Alê Silva (MG), Bia Kicis (DF),Carla Zambelli (SP), Carlos Jordy (RJ), Daniel Silveira (RJ), General Girão (RN), Filipe Barros (PR), Junio Amaral (MG), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP), Márcio Labre (RJ), Sanderson (RJ) e Vitor Hugo (GO). A cúpula do partido também decidiu por advertir Aline Sleutjes (PR), Chris Tonietto (SC), Hélio Lopes (RJ) e Coronel Armando (SC).
Para Eduardo, as punições têm como objetivo único retirá-lo da liderança. “Nunca imaginei que seria cassado por deputados que durante a eleição falaram que iam colocar as suas energias para tentar acabar com a corrupção, sendo que eu não cometi nenhum crime. Não roubei, não cometi corrupção e nada disso”, afirmou o deputado ao Estado.
“É uma clara perseguição. Vou pedir ao TSE meu mandato na segunda-feira”, disse Bibo Nunes.
Debandada. A debandada do grupo político de Bolsonaro do PSL ocorre após divergências com o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE).
O PSL deixou de ser nanico após eleger 52 deputados no ano passado – deve receber algo próximo de R$ 1 bilhão em recursos públicos até 2022. A intenção do grupo do presidente era afastar Bivar para poder dar as cartas na distribuição do dinheiro. Mas a manobra não foi bem sucedida e obrigou Bolsonaro a sair da legenda.