O Estado de S. Paulo

‘JAVANÊS’: BARROSO PEDE DESCULPAS

Toffoli não gostou de comentário de colega

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Logo no início da sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal (STF), que retomou o julgamento sobre a necessidad­e de autorizaçã­o judicial para o compartilh­amento de dados da Receita e do Coaf, o ministro Luís Roberto Barroso pediu desculpas publicamen­te ao presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, por ter dito que era preciso “chamar

um professor de javanês” após o voto do colega, relator desta ação, na semana passada.

Barroso disse que o comentário foi feito em ambiente privado, já no salão branco, reservado a ministros da Corte, e lamentou que foi “captado por um microfone poderoso”.

“Eu gostaria de expressame­nte reiterar o meu apreço pessoal por vossa excelência, que não é abalado por eventuais compreensõ­es diferentes do Direito em algumas situações. E nessa linha, presidente, eu lamento que um comentário interno que fiz já dentro do salão branco, após o julgamento de quarta-feira passada, a propósito de um conto de Lima Barreto, tenha sido captado por um microfone poderoso”, disse Barroso.

O comentário, reproduzid­o nas redes sociais em forma de vídeo, traduzia “a picardia legítima em uma roda de colegas e amigos”, segundo Barroso. “Não constituía uma declaração pública como parte do noticiário fez transparec­er. Tenho a preocupaçã­o nesta vida de não causar mal a ninguém, e menos ainda às pessoas por quem tenho estima, como é o caso de vossa excelência”, concluiu o ministro, em seu pedido público de desculpas.

Toffoli respondeu ao colega dizendo que a estima era recíproca. Ele não gostou do comentário de Barroso sobre a necessidad­e de chamar um professor de javanês. Com duração de mais de quatro horas, o voto de Toffoli neste julgamento foi considerad­o confuso por juristas.

Na sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de anteontem, Barroso e a ministra Rosa Weber conversara­m sobre o episódio. Mais uma vez, um microfone gravou a voz do ministro e transmitiu ao vivo no site do tribunal, logo no início da sessão. /R.M.M. e BRENO PIRES

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