CONCORRÊNCIA ENTRE MAQUININHAS DERRUBA TAXAS E ACELERA TECNOLOGIA
Em cinco anos, número de empresas de “maquininhas” de pagamento saltou de 2 para 20, o que trouxe economia e conveniência para lojistas e consumidores; Estadão e Cielo promovem evento sobre o setor no dia 2
Omercado de “maquininhas” de pagamento passa por rápida e significativa transformação no Brasil. De 2009 para cá, o número de empresas nesse segmento saltou de 2 para 20, segundo dados do setor e do Banco Central. Na avaliação de especialistas, a entrada de novos players no segmento, além de derrubar os preços desses serviços, provocou uma corrida tecnológica que vem resultando em cada vez mais comodidade para lojistas e consumidores.
A tarifa paga por lojistas e empreendedores para aceitar compras com cartões caiu, em média, 25% na última década. Em 2009, essa tarifa era de 2,53%, na ponderação entre cartões de crédito e débito. Em 2019, o custo recuou para 1,86%. “Em um mercado competitivo como o brasileiro, essas reduções de custo tendem a ser repassadas para os consumidores”, afirma Ricardo Vieira, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).
A elevação da concorrência tem sido o principal fator responsável pelo barateamento dos serviços. “O aumento da competição responde por aproximadamente 80% da queda das tarifas”, afirma o presidente da Cielo, Paulo Caffarelli. Corrida tecnológica Além de tornar o serviço mais barato, o aumento da concorrência gerou uma corrida tecnológica no setor. Esses avanços começaram a ser sentidos, de forma incipiente, em 2009, após acordos firmados pelo ConNos selho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Banco Central com as principais credenciadoras para pôr fim à exclusividade entre essas empresas e as bandeiras de cartões. As mudanças fizeram com que credenciadoras passassem a viabilizar transações com cartões de todas as bandeiras, algo que não ocorria até então.
A partir de 2015, o ritmo se acentuou. Parte desse fenômeno se deve à entrada massiva de fintechs nesse nicho — o segmento de meios de pagamento tem a maior concentração de startups financeiras, com 151 empresas entre as 604 do setor, segundo o Radar Fintechlab 2019. “Hoje o Brasil está atrás apenas de Cingapura em número de maquininhas por habitante, sendo que perto de 100% delas fazem leitura de chip, o que nos coloca à frente de países como os Estados Unidos nesse ponto”, diz Vieira, da Abecs.
A fim de acompanhar as mudanças, empresas consolidadas que pertencem ao segmento apostaram em inovação. Um exemplo é a Cielo, líder no setor, que, em outubro do ano passado, se tornou pioneira ao trazer os pagamentos via QR code para as maquininhas do País. Desde então, 1 milhão de transações foram realizadas. Hoje a tecnologia está disponível em 100% dos terminais da companhia. Além disso, a Cielo investe na tecnologia conhecida como NFC (near field communication), que permite que cartões, celulares, relógios, pulseiras, entre outros dispositivos móveis, sejam usados para realizar pagamentos por aproximação. últimos meses, uma parceria da Cielo levou os pagamentos por NFC aos metrôs do Rio de Janeiro e — em projeto-piloto — a alguns ônibus da capital paulista. A companhia também lançou o Cielo Pay, aplicativo com dezenas de funcionalidades que propicia ao usuário até realizar vendas sem maquininha. “Estamos no momento mais desafiador da indústria de meios de pagamento. Por outro lado, nunca tivemos tantas oportunidades para incrementar nossas atividades”, diz Caffarelli, presidente da empresa.
O ritmo das inovações continuará acelerado, também graças a novas regras em discussão para o setor. Em 2020, o Banco Central deverá editar um conjunto de regulamentações que abordarão temas como open banking e pagamentos instantâneos. Segundo a autoridade financeira, as alterações decorrentes das novas regras vão “aumentar a eficiência e a competição (...) e abrir espaço para a atuação de novas empresas do setor”.
Esse conjunto de regras deverá revolucionar o mercado de meios de pagamento ao possibilitar o compartilhamento de informações entre as instituições financeiras e de pagamento, desde que autorizado pelos clientes titulares dos dados. Além disso, no caso dos pagamentos instantâneos, o Banco Central passará a operar um sistema que permitirá transferências em tempo real entre pessoas em qualquer dia e horário do ano. “Assim como seria impossível imaginar, dez anos atrás, o cenário atual dos meios de pagamento, é muito difícil imaginar o nível de tecnologia que teremos daqui a dez anos, porque o grau de inovação seguirá muito intenso”, conclui Vieira, da Abecs.