Pressionado, presidente do Chile desiste de ir à conferência do clima
Respostas às demandas dos manifestantes avançam lentamente e não encerram protestos que já duram 40 dias
O presidente chileno, Sebastián Piñera, não participará da Conferência do Clima, a COP25, que será realizada a partir de segunda-feira em Madri, embora o Chile esteja presidindo a reunião deste ano, que teve de ser transferida de Santiago para a capital da Espanha por conta dos protestos sociais no país sul-americano.
A confirmação da ausência de Piñera foi feita ontem pela ministra do Meio Ambiente do Chile, Carolina Schmidt, durante encontro com a ministra da Transição Ecológica da Espanha, Teresa Ribera, para discutir sobre a preparação da cúpula, que vai até o dia 13.
As respostas políticas às profundas demandas sociais que os manifestantes chilenos exigem estão avançando lentamente, após mais de 40 dias de protestos, que têm se multiplicado em relação à violência, às greves e com o primeiro manifestante a ser cegado por balas de borracha disparadas pelas forças de segurança. Pelo menos 23 pessoas morreram desde o início dos protestos, 5 deles em ações diretas da polícia, e mais de mil ficaram feridas.
A Justiça chilena decretou ontem a prisão preventiva de um carabineiro acusado de ter torturado um menor de 16 anos durante os primeiros dias de protestos. A Promotoria já indiciou 14 carabineiros também por dois casos de tortura.
Em um duro golpe às forças de segurança do Chile, a organização Human Rights Watch apontou ontem “violações graves” dos direitos humanos cometidas pela polícia e recomendou uma reforma da instituição. O ONG coletou “centenas de queixas preocupantes sobre o uso excessivo da força nas ruas e abusos contra detidos, como espancamentos brutais e abuso sexual que não podem ficar impunes e devem ser rápida e rigorosamente investigados e sancionados”, disse José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da HRW.
O governo Piñera, que rejeitou as alegações de um relatório da Anistia Internacional na semana passada, aceitou o relatório e as recomendações da HRW.
Incidentes de violência foram registrados em todo o país entre anoite de terça-feira e a madrugada de ontem. À noite, homens encapuzados saqueavam e incendiaram um hotel de luxo e um escritório público na cidade de La Serena, no norte, enquanto em Iquique, também no norte, assaltaram um supermercado. Em Santiago, milhares marcharam no contexto de uma greve que terminou com tumultos e encapuzados que quebraram as portas de uma estação de metrô, além de armarem barricadas.
Após mais de um mês de protestos ,67% da população expressou seu ap oi oà manutençãodas mobilizações, de acordo coma pesquisada C adem.