O Estado de S. Paulo

É preciso falar mais sobre a sexualidad­e dos idosos

- Jamal Suleiman É INFECTOLOG­ISTA DO INSTITUTO EMÍLIO RIBAS

Épreciso quebrar essa percepção de que velho não transa. A população está envelhecen­do e mantendo uma vida sexual ativa a despeito da idade. Por isso, é preciso pensar em ações que contemplem a população maior de 60 anos.

O primeiro caminho é oferecer o teste de HIV independen­temente da causa que tenha levado a pessoa a um serviço de saúde. E é importante que esse teste esteja disponível nas unidades básicas, não só nos centros especializ­ados. O idoso vai anualmente se vacinar contra a gripe? O teste deve ser oferecido. Ele frequenta ambulatóri­os para acompanhar doenças como diabete e hipertensã­o? Por que não oferecer teste de HIV?

Em segundo lugar, é preciso falar mais sobre a sexualidad­e do idoso, e isso vale também para os profission­ais de saúde que têm contato mais frequente com essa população. Quando você fala sobre a importânci­a de atualizar a carteira de vacinação do idoso e de praticar exercício físico, tem de falar de sexo também. Se a gente tem telefone com teclas maiores para a população idosa, por que não falar sobre sexo pensando nas particular­idades desse grupo?

É preciso ainda ofertar ao idoso mais opções de prevenção. Se camisinha não funciona bem com o jovem, com o idoso é pior. Ele deve ser informado sobre alternativ­as como profilaxia pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP). Dá trabalho quebrar esses estigmas, mas temos de começar.

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