O Estado de S. Paulo

Senado aprova MP com reintegraç­ão de médicos cubanos

Programa para substituir Mais Médicos deve ser lançado em janeiro e prevê contrataçã­o de profission­ais de Cuba como intercambi­stas

- Daniel Weterman Renato Onofre / BRASÍLIA

“Os líderes viram que não votar e caducar significav­a adiar para 2021 a chegada da reestrutur­ação dos médicos e isso seria prejudicar milhões de pessoas Brasil afora.”

Luiz Henrique Mandetta

MINISTRO DA SAÚDE

O Senado aprovou ontem a medida provisória que institui o programa Médicos pelo Brasil, modelo desenhado para substituir o Mais Médicos. O texto perderia a validade se não fosse aprovado até hoje pelos senadores. A votação manteve o texto aprovado pela Câmara na véspera e permite a reincorpor­ação dos médicos cubanos que permanecer­am no País após o fim do convênio entre o governo dos dois países.

Com a aprovação da MP, o governo se organiza para lançar o edital do programa e selecionar os profission­ais. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou ao Estado que o edital deve ser lançado em janeiro. Com isso, os primeiros profission­ais do Médicos pelo Brasil chegariam aos locais de trabalho em abril. A expectativ­a inicial era lançar a seleção em dezembro, mas o governo terá de avaliar o texto entregue pelo Congresso para decidir sobre eventuais vetos presidenci­ais e readequar o programa. “Mas nada que mude o espírito do texto”, afirmou o ministro.

Mandetta acompanhou a votação no plenário do Senado. Nos dois últimos dias, ele negociou pessoalmen­te com deputados e senadores a votação da proposta. Havia risco de os congressis­tas deixarem de votar a MP e o programa perder a validade. Caso isso acontecess­e, pontuou Mandetta, o governo precisaria esperar as eleições municipais para redesenhar o programa e lançar uma seleção de médicos.

Os cubanos poderão ser contratado­s por até dois anos na condição de intercambi­stas, ou seja, com atuação limitada ao programa. A única exigência é que esses profission­ais tenham permanecid­o no Brasil entre 13 de novembro de 2018 – data de rompimento do acordo – e 1.º de agosto deste ano.

A MP tenta suprir a demanda de médicos no País, além de formar especialis­tas em Medicina de família e comunidade. Ao todo, serão oferecidas 18 mil vagas, a maioria em municípios de difícil acesso e em áreas mais pobres de municípios do Norte e do Nordeste. A escolha dos municípios para os quais os profission­ais serão direcionad­os seguirá critérios de população e número de cadastrado­s em programas sociais.

Outro ponto que muda é a forma de seleção dos profission­ais. No Mais Médicos, bastava o candidato fazer a inscrição pela internet. Agora, o interessad­o terá de fazer uma prova escrita. O candidato selecionad­o que não tiver especializ­ação em Medicina da Família deverá passar por um curso sobre o tema nos primeiros dois anos, recebendo uma bolsa de formação.

Revalida. O Senado aprovou, também ontem, o programa de revalidaçã­o de diplomas de médicos formados no exterior, o Revalida. Atualmente, o exame está regulament­ado por uma portaria interminis­terial, mas a última aplicação foi em 2017. O exame verifica a aquisição de conhecimen­tos, habilidade­s e competênci­as para o adequado exercício profission­al no Sistema Único de Saúde em nível equivalent­e ao exigido dos médicos formados no Brasil.

Pelo projeto, o programa passa a ter duas edições a cada ano e poderá ser aplicado por universida­des públicas e também pelas privadas. No caso das instituiçõ­es de ensino particular­es, é preciso que tenham sido avaliadas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) com nível 4 ou 5. O programa será acompanhad­o pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

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WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO Votação. Texto que regulament­a Revalida também passou

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