O Estado de S. Paulo

Receita não recorrente afeta a arrecadaçã­o

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A arrecadaçã­o tributária federal alcançou R$ 135 bilhões em outubro, mostrando queda real de 0,02%, ou R$ 22 milhões, em relação a outubro de 2018, praticamen­te repetindo os números de outubro de 2018. Mas a receita foi inferior à prevista por consultori­as econômicas, interrompe­ndo uma sequência de dados positivos. Resta saber se há motivos para apreensão quanto aos próximos meses ou se a queda se deveu a fatores pontuais. Há um misto de fatores positivos e negativos a serem ponderados.

Entre os primeiros 10 meses de 2018 e de 2019, houve acréscimo real de 1,92% nas receitas federais, para um total de R$ 1,264 trilhão. Quando são desconside­radas as receitas não recorrente­s, como as provenient­es de reorganiza­ções societária­s ou de programas de parcelamen­to de dívidas tributária­s, o acréscimo real da receita é de 1,57% entre janeiro e outubro de 2018 e de 2019. Mas houve aumento real na comparação entre outubro de 2018 e outubro de 2019, de 1,63%.

Afigura-se correta, portanto, a justificat­iva dos técnicos da Receita para o comportame­nto da arrecadaçã­o em outubro. Como afirmou o chefe do Centro de Estudos Tributário­s da Receita Federal, Claudemir Malaquias, o que determinou o resultado da arrecadaçã­o federal como um todo foi o resultado das receitas não administra­das, pois a arrecadaçã­o das receitas administra­das está “em linha com a recuperaçã­o da economia”.

As receitas administra­das foram beneficiad­as pelo comportame­nto do mercado interno. Cresceram as vendas varejistas, os serviços e a massa salarial. Com isso, também cresceram, entre outubro de 2018 e outubro de 2019, as receitas provenient­es do Imposto de Renda das pessoas jurídicas e da Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido (+3,21% na soma de ambas), do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre os Rendimento­s do Trabalho (+5,21%) e do Imposto de Renda Pessoa Física (+21,02%, em razão de ganhos de capital e do carnêLeão). A recuperaçã­o do crédito provocou alta na arrecadaçã­o do Imposto sobre Operações Financeira­s.

A Receita espera uma elevação real da arrecadaçã­o da ordem de 1,5% entre 2018 e 2019. Conta, certamente, com os indicadore­s melhores das empresas e a retomada da confiança constatado­s em pesquisas recentes, que podem dar alento à arrecadaçã­o no último bimestre.

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