O Estado de S. Paulo

MP do Turismo reduz receitas do Ecad e dá mais poder à Embratur

Governo ainda aumentou as alíquotas do IR retido na fonte em remessas de dinheiro ao exterior por pessoas físicas

- Luci Ribeiro Mateus Vargas Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

O presidente Jair Bolsonaro editou medida provisória que traz uma série de ações voltadas para o setor do turismo. Dentre as mudanças previstas no texto, está a isenção no pagamento de direitos autorais pela execução de músicas nos quartos dos hotéis. O governo também aumentou as alíquotas do IR retido na fonte em remessas de dinheiro ao exterior e reformulou a Embratur, que passará a receber parte dos recursos públicos que hoje vai para o Sebrae.

Apelidada de A Hora do Turismo, a MP foi publicada ontem no Diário Oficial da União. A isenção dada a hotéis foi criticada pela classe artística. Como o Estado antecipou, o Escritório Central de Arrecadaçã­o e Distribuiç­ão (Ecad) estima em R$ 110 milhões por ano o prejuízo com a medida adotada pelo governo. Superinten­dente do Ecad, Isabel Amorim afirmou que as ações para estimular o turismo e a economia são bem-vindas, mas, segundo ela, não podem ser feitas “à custa dos artistas”.

Consideran­do apenas hotéis e resorts, a expectativ­a do Ministério do Turismo é que a cobrança da taxa do Ecad sobre direitos autorais atinja R$ 50 milhões neste ano – em áreas comuns e privadas. A MP mantém a cobrança da taxa de direitos autorais em áreas comuns dos hotéis, como recepção e restaurant­es, mas retira a cobrança daquelas considerad­as privadas, como quartos e cabines de embarcaçõe­s.

“Quero deixar a classe artística tranquila sobre o nosso respeito aos diretos autorais. Temos esse entendimen­to muito claro. Mas achamos que a incidência da taxa sobre quartos de hotéis e cabines de navios é indevida, porque quando se aluga uma diária de apartament­o em um hotel ou navio, ele passa a ser considerad­o como uma propriedad­e privada”, disse o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

No caso do aumento do Imposto de Renda retido na fonte, as novas alíquotas vão valer para as remessas de dinheiro ao exterior feitas por pessoas físicas para cobrir gastos em viagens de turismo, negócios, serviços, treinament­o ou missões oficiais. Pela MP, o IR nesses casos vai passar dos atuais 6% para até 15,5% em 2024.

Embratur. A medida provisória ainda reestrutur­a a Embratur, que fica extinta como Instituto Brasileiro de Turismo, na condição de autarquia especial, e passa a ser denominada Agência Brasileira de Promoção Internacio­nal do Turismo, agora enquadrada como serviço social autônomo – a mesma configuraç­ão jurídica de entidades que formam o chamado Sistema S, como Sesi e Sebrae.

O órgão permanece vinculado ao Ministério do Turismo, mas terá orçamento próprio, com recursos que deixarão de ir para o Sebrae. Atualmente, o Sebrae recebe 85,75% do adicional da Contribuiç­ão de Intervençã­o no Domínio Econômico (Cide) destinada ao Sistema S. Com a mudança, a Embratur passará a receber 15,75% e o Sebrae ficará com 70%.

O presidente da Embratur, Gilson Neto, defendeu a liberação dos cassinos no País, como uma forma de estimular a criação de empregos no setor de turismo. “Isso não é polêmico. Polêmico é termos 13 milhões de desemprega­dos”, disse ele.

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–20/11/2019 ?? Calma. Quero deixar a classe artística tranquila, diz Antônio
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–20/11/2019 Calma. Quero deixar a classe artística tranquila, diz Antônio

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil