O Estado de S. Paulo

Com dólar em alta, Petrobrás eleva preço da gasolina em 4%

- Fernanda Nunes

Aumento para refinarias passa a valer hoje; associação cobra correção também para os valores do diesel

A Petrobrás anunciou ontem o reajuste de 4% da gasolina na refinaria, que passa a valer a partir de hoje. O preço do óleo diesel permanece inalterado. De acordo com uma fonte, o aumento foi de R$ 0,074.

A estatal só informa o porcentual de reajuste. Com essa alta, o valor de entrega passa a variar de R$ 1,750, em Goiás, a R$ 2,312, no Rio de Janeiro.

A Associação Brasileira dos Importador­es de Combustíve­is (Abicom) reclama de defasagem em relação ao mercado internacio­nal, principalm­ente, do preço do diesel. A maior pressão, segundo o presidente da entidade, Sérgio Araújo, parte do câmbio. “O aumento não foi suficiente para chegar na paridade internacio­nal e o diesel, que já estava muito defasado, agora está ainda mais, com a alta do dólar. A expectativ­a era que ele também sofresse aumento. Como não aconteceu, a importação continua inviabiliz­ada.”

Efeito. A manutenção do alinhament­o dos preços da Petrobrás

aos do mercado externo tem efeito direto no plano da estatal de se desfazer de oito refinarias, um dos principais ativos inseridos no seu programa de desinvesti­mento. A lógica é que, se não houver clareza e transparên­cia na política de preços praticada no Brasil, nenhum investidor vai querer se aventurar nesse mercado. Caso contrário, ficará à mercê da vontade da Petrobrás, que, ao baixar seus preços obriga a concorrênc­ia a fazer o mesmo, ainda que isso signifique prejuízo.

Na mesma linha de pensamento, o mercado financeiro se preocupa também se os valores praticados pela empresa são realistas ou se a empresa, como fez no passado, está atendendo aos interesses do governo e segurando reajuste no varejo – seja para conter os índices de inflação ou agradar a um segmento de consumidor­es, como o de caminhonei­ros. O uso da Petrobrás como ferramenta política foi uma prática recorrente na gestão petista, que contribuiu para enfraquece­r o caixa da empresa.

A contenção dos preços dos combustíve­is afeta também o segmento importador, que adquire o combustíve­l em dólar e pelo valor negociado em Bolsa. Se a Petrobrás não acompanha o mercado externo, consegue ser mais competitiv­a e derruba os importador­es.

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