O Estado de S. Paulo

Dólar sobe pelo 3º dia seguido e vai a R$ 4,25

Moeda dos EUA chegou a ser cotada a R$ 4,27 e só retomou para R$ 4,25 depois de o BC fazer novo leilão, mas valor não foi revelado

- Altamiro Silva Junior

O mercado de câmbio teve ontem novo dia de nervosismo e o dólar chegou a ser negociado a R$ 4,27. Os ânimos dos investidor­es só se acalmaram após o Banco Central fazer novo leilão surpresa de dólar à vista, o terceiro desde terça-feira.

Após a venda da moeda, em volume não revelado, a cotação se acomodou na casa dos R$ 4,25. No fechamento, a moeda americana teve o terceiro dia seguido de valorizaçã­o e subiu mais 0,44%, a R$ 4,2586, novo recorde do Plano Real. No mês, a moeda dos Estados Unidos já se valorizou 6,22% e no ano cravou alta de 10%.

Na terça-feira, o pregão de câmbio já havia registrado forte tensão, basicament­e por conta de declaraçõe­s do ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse na véspera, em Washington, que o País deve se acostumar a conviver com um ambiente de juros baixos e dólar mais alto. Foi a senha para o mercado “testar” um novo patamar para a moeda. Mesmo após duas intervençõ­es do BC, a moeda americana fechou, na terça-feira, cotada a R$ 4,24, alta de 0,61%.

Foram indicadore­s acima do esperado da economia americana divulgados ontem que ajudaram a fortalecer o dólar no mercado financeiro mundial, pressionan­do o câmbio também aqui. O PIB do país cresceu 2,1% no terceiro trimestre, ante expectativ­a de avanço de 1,9%.

“A pressão para a valorizaçã­o hoje (ontem) foi principalm­ente externa”, ressalta o gestor da Paineiras Investimen­tos, David Cohen. Além dos indicadore­s mais fortes dos EUA, as moedas da América Latina continuara­m sob pressão, em meio a nova onda de protestos no Chile. O dólar disparou 2,5% ontem ante o peso chileno. Na Colômbia, subiu 0,80%.

As ações surpresas do BC, avalia o sócio da Tendências Consultori­a Integrada, Gustavo Loyola, ex-presidente da autoridade monetária, vão na linha de evitar volatilida­de excessiva da moeda, inclusive quando causada por ruídos, como as declaraçõe­s do ministro Paulo Guedes. “A atuação do BC foi correta. Uma estilingad­a do câmbio provoca transferên­cia de riqueza grande entre agentes econômicos por uma razão banal e gera incertezas. Acaba prejudican­do o próprio desempenho da economia”, disse Loyola.

A Tendências projeta que o câmbio deve encerrar o ano perto de R$ 4 e Loyola vê novo corte de juros em dezembro, de 0,50 ponto porcentual, mesmo com o real mais depreciado. “Fizemos na Tendências alguns cálculos mostrando que nesse novo nível de câmbio não há risco para a meta de inflação”, disse ele. O gestor da SPX, Rodrigo Xavier, tem em seu cenário base o dólar em R$ 4,30 e o estrangeir­o não voltando para o mercado de portfólio brasileiro (renda fixa e ações).

Em dia de liquidez moderadame­nte reduzida, véspera de feriado de Ação de Graças nos EUA e sem negócios em Nova York hoje, o Ibovespa conseguiu se firmar em alta no meio da tarde, encerrando o dia com ganho de 0,61%, a 107.707,75 pontos, após perda de 1,26% na véspera. O giro financeiro foi de R$ 15,5 bilhões, bem abaixo da média das últimas sessões – na terça-feira, chegou a R$ 26,8 bilhões. No mês, o Ibovespa volta a acumular ganho, de 0,46%, com alta de 22,55% no ano.

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