O Estado de S. Paulo

Estados podem terceiriza­r benefícios

- Idiana Tomazelli/

Proposta prevê repassar a seguradora­s privadas a gestão de aposentado­rias por invalidez e pensões por morte de servidores

O governo negocia com parlamenta­res uma permissão para que Estados e municípios “terceirize­m” a gestão de aposentado­rias por invalidez e pensões por morte diretas (decorrente­s de faleciment­o de servidor ativo), os chamados “benefícios de risco”.

A ideia é permitir que os regimes próprios de Previdênci­a dos servidores possam contratar seguradora­s privadas, por meio de licitação, para fazer os pagamentos e até mesmo as perícias que decidirão se o segurado tem ou não direito ao benefício.

A terceiriza­ção seria opcional e poderia beneficiar sobretudo pequenos municípios que têm regime próprio de servidores, mas não possuem estrutura adequada para avaliar os trabalhado­res na hora de conceder o benefício.

A proposta deve integrar a chamada Lei de Responsabi­lidade Previdenci­ária (LRP), que deve ser apresentad­a na semana que vem pelo deputado Silvio Costa Filho (Republican­os-PE) e pretende incentivar Estados e municípios a manter regimes equilibrad­os de Previdênci­a.

Hoje, o custo com a cobertura dos benefícios de risco já é embutido no cálculo das alíquotas previdenci­árias cobradas dos servidores. Pela proposta, a cobrança continuará sendo feita pelo governo estadual ou municipal, mas o valor arrecadado seria usado para pagar a seguradora. Os regimes próprios, por sua vez, manteriam a responsabi­lidade sobre a concessão de aposentado­rias e pensões por morte derivadas do faleciment­o de servidor já aposentado.

Esse modelo já é adotado em regimes de previdênci­a complement­ar. A proposta valeria apenas para regimes próprios, sem aplicação sobre os benefícios de risco bancados pelo INSS.

Atualmente, mais da metade das prefeitura­s não têm regimes próprios, ou seja, seus servidores contribuem para o regime geral da Previdênci­a.

Liberdade. Os Estados e municípios teriam liberdade para definir o que seria terceiriza­do: só a operaciona­lização do pagamento dos benefícios ou também a realização da perícia. A avaliação no governo, segundo apurou o Estadão/Broadcast, é que o “pacote completo” poderia baratear o custo do seguro, pois a própria empresa privada realizaria as perícias e teria mais elementos para calcular os riscos e o fluxo de pagamentos.

Com a atribuição de fazer as perícias, a empresa poderia encaminhar servidores para readaptaçã­o e até pagar pelo treinament­o em vez de simplesmen­te aposentá-lo por invalidez, como às vezes acontece nos regimes próprios quando um funcionári­o público é afastado do trabalho por incapacida­de. A avaliação é de que isso sairia mais barato do que pagar o benefício vitalício.

Um professor que passe a sofrer com síndrome do pânico, por exemplo, precisaria ser afastado definitiva­mente das salas de aula. Mas a seguradora poderia encaminhá-lo para a requalific­ação, recomendan­do ao município o aproveitam­ento do funcionári­o em outro setor.

A proposta não prevê a terceiriza­ção do pagamento de auxílio-doença, uma vez que a reforma da Previdênci­a aprovada e já em vigor mudou o pagamento desse benefício nos regimes próprios estaduais e municipais.

Segundo apurou o Broadcast/Estadão, a proposta deve ser discutida esta semana com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com representa­ntes dos municípios.

 ??  ?? Conta.Costa Filho quer regimes equilibrad­os de Previdênci­a
Conta.Costa Filho quer regimes equilibrad­os de Previdênci­a

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil