O Estado de S. Paulo

REVOLUÇÃO EM RITMO DE ESPERA

ATRASO NO LEILÃO PODE REPRESENTA­R UMA PERDA DE ATÉ R$ 25 BILHÕES EM ARRECADAÇíO

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O Brasil deve demorar pelo menos mais um ou dois anos para começar a conhecer a internet de ultra velocidade. Isso porque os atrasos consecutiv­os na publicação do edital do chamado 5G, que vai permitir a divisão da frequência da nova tecnologia, empurraram o leilão para o segundo semestre de 2020, se tudo correr dentro do programado.

Esse adiamento do certame joga para 2021 o início dos investimen­tos e da implantaçã­o propriamen­te dita do que já é chamada nova era das telecomuni­cações. A quinta geração da interconec­tividade é considerad­a uma revolução na conexão não só pela alta velocidade de navegação, mas também pela possibilid­ade de conectar máquinas desde a indústria até o campo. Seu atraso pode representa­r uma perda de até R$ 25 bilhões só em arrecadaçã­o com novos serviços, conforme estimativa­s feitas pela gigante sueca Ericsson, uma das principais fornecedor­as desses equipament­os.

“Prejudica as operadoras, que assistem ao cresciment­o exponencia­l dos dados em suas redes; prejudica as empresas, que deixam de usufruir de serviços que podiam ser prestados; perde o governo, que deixa de arrecadar impostos com esses serviços; perde o consumidor final, que não tem acesso à alta velocidade; mas, principalm­ente, o País perde competitiv­idade”, diz taxativo Tiago Machado, diretor de Relações Institucio­nais da Ericsson.

Segundo o executivo, a implantaçã­o e readequaçã­o de toda a rede deve levar pelo menos dois anos após o leilão. “O investimen­to em três a cinco anos não é trivial, e a tecnologia digital está no centro dessa evolução e ganho de competitiv­idade de um país.”

A Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel) informa que a minuta do edital de 5G está em fase preparatór­ia, anterior à consulta pública, que ainda será deliberada pelo Conselho Diretor. Se tudo der certo, a proposta pode ser colocada em consulta ainda neste ano, após a reunião do conselho em 12 de dezembro.

Depois da abertura das discussões, o projeto receberá contribuiç­ões da sociedade por até 60 dias. Após isso, o edital do leilão volta à deliberaçã­o do Colegiado. “Portanto, apenas após essas etapas é que será possível qualquer manifestaç­ão sobre o leilão”, informou a agência em nota.

Apesar dos percalços burocrátic­os, em um ponto, no entanto, o setor é unânime: a realização de leilões de frequência­s não pode ter fins arrecadató­rios. As regras devem incentivar mais a implantaçã­o de infraestru­tura do que a venda da licença. Assim, garantem-se maior celeridade na disseminaç­ão do uso do 5G e maior segurança para os investidor­es.

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