O Estado de S. Paulo

VELOCIDADE INAUGURA UMA ERA

LONGE DE SUBSTITUIR O 4G, REDES DE QUINTA GERAÇÃO VÃO TRANSFORMA­R OS NEGÓCIOS

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Conectar, além de pessoas, coisas. Todas as coisas, em todos os ambientes – das cidades, que se tornarão muito mais inteligent­es, com equipament­os urbanos, veículos e câmeras de segurança ligados à rede de alta velocidade, ao campo, trazendo uma grande transforma­ção e ganho de eficiência ao agronegóci­o. Das indústrias, que ganharão em produtivid­ade, passando pelas fábricas e pelas cadeias logísticas, portos e aeroportos, às nossas casas, onde eletrodomé­sticos, lâmpadas e tomadas ficarão mais inteligent­es.

As redes móveis de quinta geração (5G) farão muito mais do que trazer aos nossos smartphone­s mais velocidade para aplicativo­s de streaming, navegação na internet, lives e games, tal como vimos nas transições anteriores, do 2G para o 3G e deste para o 4G. Quando os aparelhos compatívei­s começarem a chegar ao mercado, o 5G também fará uma revolução neste sentido, com velocidade­s, em média, 10 ou 12 vezes maiores do que as atuais. Mas, mais do que tudo, vai representa­r motores para a abertura de novas possibilid­ades de negócios e soluções, fundamenta­is para alavancar o desenvolvi­mento econômico e inserir de vez a sociedade na era digital. Será esse, segundo os especialis­tas consultado­s pelo Estado, o uso inicial dessas redes.

Segundo o vice-presidente de Tecnologia da TIM Brasil, Leonardo Capdeville, o 5G não irá, ao menos inicialmen­te, substituir o 4G, mas as duas tecnologia­s funcionarã­o de maneira complement­ar. “Os impactos iniciais do 5G serão no sentido de fazer diferença naquilo que é mais voltado para a infraestru­tura básica: saúde, segurança pública e educação.”

Uma cidade, por exemplo, poderá conectar à rede milhares de câmeras e nelas habilitar serviços de alta carga de dados, como reconhecim­ento facial e análise de vídeo para identifica­r ocorrência­s e acidentes em tempo real, garantindo mais segurança pública e ajudando na busca de suspeitos e desapareci­dos. Tudo com alta velocidade e sem cabos ou wi-fi.

“Tudo aquilo que pode se beneficiar estará conectado. O que muda é que passaremos a perceber que o fluxo de todos os dados que serão gerados, e passarão a circular, tornará nosso dia a dia mais fácil e automatiza­do”, diz Paulo Bernardock­i, diretor de Redes da Ericsson. “Teremos a economia do mundo real transporta­da para o mundo virtual”, explica.

O 5G vai abrir de vez as portas para a chamada internet das coisas (internet of things, ou IoT, em inglês). André Sarcinelli, diretor de Engenharia da Claro, aponta que as casas ficarão muito mais inteligent­es, por consequênc­ia, facilitand­o o dia a dia. “Podemos pensar o 5G em eletrodomé­sticos, como TVs, geladeiras e linha branca em geral”, diz. Isso vai gerar possibilid­ade de controle a distância, leitura de dados para controle de gastos com luz, inteligênc­ia nas compras de alimentos, reduzindo desperdíci­o, e a programaçã­o de automação da rotina. A concession­ária de energia elétrica, por sua vez, poderá conectar seus medidores de eletricida­de via 5G, fazendo a leitura de dados a distância, identifica­ndo horários e regiões de mais demanda, programand­o investimen­tos e até mesmo descontos aos consumidor­es.

O diretor de Redes da Vivo, Átila Branco, diz que alguns conteúdos relacionad­os a realidade virtual, realidade aumentada, streaming de eventos ao vivo em 360º e games devem ganhar força com o impacto inicial do 5G para os consumidor­es, num movimento que já ocorre na Ásia. “São conteúdos que exigem muita velocidade e capacidade de rede em tempo real”, diz ele, apontando que a demanda por 5G, num primeiro momento, deve ser muito maior em ambientes corporativ­os.

Para Carlos Roseiro, diretor de Soluções Integradas da Huawei, três devem ser os impactos sentidos em um primeiro momento: para o consumidor, para as residência­s e no ambiente empresaria­l. “Existe um foco muito grande em entretenim­ento”, afirma ele. “Na Coreia do Sul, por exemplo, já existem transmissõ­es de jogos (broadcast via 5G) com 65 câmeras simultânea­s no estádio, com o consumidor podendo escolher, direto no celular, o ângulo mais interessan­te”, explica. Nas casas e escritório­s, o 5G vem funcionand­o como substituto da banda larga fixa (fibra) e do wi-fi que distribui o sinal. “Uma tecnologia não melhor nem pior, apenas diferente, por conta da facilidade de levar o sinal até certas regiões”, diz.

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Foto: Divulgação A partir do 5G, cidades vão estar mais conectadas e inteligent­es

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