O Estado de S. Paulo

Scioli é indicado embaixador da Argentina no Brasil

Nome do ex-vice-presidente foi anunciado pelo presidente eleito, Alberto Fernández, em encontro com deputados brasileiro­s

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Em uma reunião com uma delegação de deputados brasileiro­s, o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, disse ontem que o ex-candidato à presidênci­a e empresário Daniel Scioli será o futuro embaixador argentino no Brasil. Ex-vice-presidente (2003-2007) e ex-governador da Província de Buenos Aires (2007-2015), Scioli concorreu à Casa Rosada em 2015, quando foi derrotado pelo atual presidente, Mauricio Macri.

Fernández disse que a nomeação de Scioli era seu primeiro gesto em relação ao Brasil e tratou o indicado como alguém que ele “valoriza muito”. “Se nos respeitarm­os, conviver será mais fácil”, afirmou sobre a relação de Brasil e Argentina. “Temos um destino em comum, temos de cuidar para que nenhuma conjuntura altere nossa relação. O Brasil é um irmão com outro idioma.”

Para o presidente eleito da Argentina, a integração regional é a melhor arma para enfrentar a globalizaç­ão e ofensivas comerciais, como a feita recentemen­te pelo presidente americano, Donald Trump, que impôs tarifas ao aço do Brasil e da Argentina.

Pesa sobre Scioli a suspeita de ter usado caixa 2 durante sua campanha presidenci­al de 2015, quando foi derrotado por Macri. O nome do futuro embaixador argentino no Brasil foi citado na denúncia por Juan Manuel Abal Medina, homem forte dos governos de Néstor e Cristina Kirchner. Medina disse à Justiça, em agosto do ano passado, que recebeu dinheiro de empresário­s para campanhas eleitorais, entre elas a de Scioli.

Os recursos teriam sido repassados por empresário­s que prestariam serviços de infraestru­tura ao governo. Em 2017, o jornal

La Nación publicou reportagem que informava que todas as campanhas eleitorais de 2015 teriam recebido 500 mil pesos da empreiteir­a brasileira Odebrecht, incluindo a de Scioli.

A autoridade­s dos EUA, a Odebrecht confessou que pagou US$ 35 milhões (R$ 147 milhões) em propinas a funcionári­os argentinos para obter vantagens em contratos de obras públicas durante o kirchneris­mo. Promotores investigam o caso.

Rusgas. A comitiva brasileira que se encontrou ontem com Fernández foi liderada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Na reunião, o presidente eleito enviou uma mensagem ao presidente Jair Bolsonaro, pedindo aos deputados que transmitis­sem seu “respeito e apreciação” a ele. Fernández e Bolsonaro mantêm uma relação tumultuada. O brasileiro chegou a lamentar o resultado que deu a vitória ao argentino contra Macri, acrescenta­ndo que não o cumpriment­aria, nem iria à posse.

Bolsonaro também ficou incomodado com uma imagem publicada por Fernández, horas antes da divulgação do resultado que apontava sua vitória, no dia 27 de outubro. Nela, Fernández aparecia fazendo um “L” com a mão, em apoio ao expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que na época estava preso em Curitiba.

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MARTIN ACOSTA/REUTERS Scioli. Derrotado por Macri

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