O Estado de S. Paulo

Promessas olímpicas

Aylana Cézar, uma das atletas que há três anos lutam por uma vaga.

- Gonçalo Junior

Aarqueira Ana Machado tem boas chances de conquistar uma vaga nos Jogos de Tóquio. Sua evolução tem sido constante. No Mundial de Tiro com Arco de 2017, em seu primeiro ano como juvenil, ela ficou em 33.º lugar. Neste ano, alcançou a 17.ª posição e já faz parte da seleção brasileira adulta. Depois de apresentar algumas promessas olímpicas três anos atrás, o Estado retornou aos mesmos centros de treinament­o para conferir a evolução desses atletas. Em alguns casos, o cresciment­o foi exponencia­l; em outros, nem tanto. Uns, como Ana Machado, são para já e disputam vaga para Tóquio; outros são lapidados para os Jogos de 2024.

Independen­temente dos resultados, essas promessas brasileira­s já têm o jeitão de atletas de verdade, feito rascunhos que estão perto da arte-final. São maduros antes mesmo dos 18 anos. Parte dessa evolução está nas fotos, antes e depois.

Ana Machado representa o Brasil em competiçõe­s internacio­nais desde 2013. Foi tricampeã brasileira juvenil e vice campeã nacional adulta ano passado, entre outros inúmeros feitos. Em 2018, ela lançou um financiame­nto coletivo para arrecadar R$ 20 mil. A finalidade? Passar um mês na Coreia do Sul, país referência na modalidade, a fim de treinar e melhorar as suas chances de estar nos Jogos Olímpicos. Ela ainda tem duas seletivas mirando Tóquio. “Meu desempenho neste ano foi bom nas seletivas adultas. Consegui me selecionar para quase todas as competiçõe­s. Não consegui participar de algumas, pois tive uma lesão”, diz a arqueira de 18 anos.

O nadador Stephan Steverink era menino de tudo em 2017. Tímido e sem traquejo diante de microfones, falou pouco de sua história. Deixou que seus próprios resultados falassem por ele. Hoje, com 15 anos, estabelece­u novo recorde nacional nos 1.500 metros nado livre no Brasileiro Juvenil em Vitória (ES), em dezembro. O atleta da AABB baixou o recorde em quase 20 segundos. Está voando também em outras provas. Em dois anos, baixou em 17 segundos sua marca nos 400 m medley. Hoje, ainda tem de tirar diferença de seis segundos para o índice olímpico para Tóquio.

Seu treinador, Eric Sona, classifica como “bem difícil” a proeza de ir ao Japão em 2020. “Depois dessa evolução meteórica, ele vai precisar de mais trabalho para continuar melhorando sua marca. E não temos muito tempo. A última seletiva acontece em abril”, diz o professor.

A exemplo de Stephan, outros atletas devem ficar no forno um pouco mais de tempo. A corredora Aylana Ferreira Cézar escolheu um caminho pouco convencion­al no atletismo: as provas de meio fundo, distâncias de 800 metros a 3 mil metros. No passado, ela olhava para a mãe, Adriana, em busca de socorro na hora da entrevista, no Centro Olímpico de Treinament­o e Pesquisa (COTP), em São Paulo. Neste ano, a menina de 16 anos se tornou a atleta mais jovem a entrar no Troféu Brasil, o torneio mais importante da América do Sul, aos 15 anos e meio.

Além disso, obteve outro bronze no Brasileiro Sub-20, uma categoria acima. “Quando entrei no atletismo, pensei que seria velocista. Todo mundo vê o Bolt e pensa em correr os 100 metros. Sempre participei de salto em distância e criei gosto”, disse a atleta ao Estado. “Evoluí bastante. Passei por diversas provas, melhorei meus tempos, cresci na técnica e mentalment­e.”

O técnico Luís Gustavo Cândido explica que ela está sendo lapidada para os Jogos de 2024, em Paris. “Nas provas de meio fundo, o treino começa a produzir resultados efetivos em um período de cinco ou seis anos”, diz o especialis­ta do COTP.

No ringue. Aos 14 anos, Gustavo Rua já vivia do boxe com apoio para treino, tratamento médico e suplementa­ção. Foi prata em 2017/18 no Campeonato Paulista e ouro por Minas Gerais em 2019 na categoria até 57 quilos. No meio do caminho, sofreu uma lesão no ombro – chegou a disputar uma luta profission­al em Mogi Mirim em 2018 com o ombro deslocado – e precisou ser submetido a cirurgia. Ascensão interrompi­da. “Foi uma fatalidade. Lesão bem complicada. Teve o ano praticamen­te perdido”, diz o pai, Danilo Rua.

Agora como atleta do São Paulo, Guga envolveu a família inteira. A mãe, Graziela, tornou-se assessora de imprensa e o pai é advogado do Conselho Nacional de Boxe, instrutor, árbitro e comentaris­ta na TV. Todos já marcaram no calendário a data de 26 de julho de 2024, início dos Jogos de Paris, como a grande meta do sonho familiar.

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