O Estado de S. Paulo

LONGE DA ‘MUVUCA’

Colada no Guarujá, a Praia Branca (foto) é um dos paraísos quase secretos do litoral de SP, onde se chega por trilha ou de barco.

- Gilberto Amendola /

Passar sufoco na praia é um esporte difundido entre os paulistas. Praticado durante a temporada de final de ano, consiste em enfrentar horas exaustivas de estrada para depois, enfim, disputar um centímetro de areia com milhares de ambulantes, praticante­s de frescobol, famílias barulhenta­s, latinhas de cerveja e toda sorte de extroversã­o, desconfort­o e calor humano que apenas o verão pode proporcion­ar. Mas não precisa ser sempre assim...

Pertinho da gente, aqui no litoral sul, na ponta do Guarujá, coladinho em Bertioga, existe uma praia onde você realmente pode ir para descansar. Chamá-la de secreta é otimismo demais, mas ela, de fato, se mantém relativame­nte livre da “muvuca”, limpa e perfeita para quem pretende “recarregar as energias”.

Assim é a Praia Branca e suas extensões – as praias Preta e do Camburizin­ho. Você pode chegar ali via Guarujá. Na cidade, siga em direção às praias de Pernambuco e Perequê – no sentido de quem está indo para Bertioga. Esse caminho vai terminar na região da balsa (que liga Guarujá à Bertioga). Daí, basta deixar o carro em um dos estacionam­entos – que neste período custam R$ 30 (e ficam abertos até as 19 horas). Depois, existem duas opções: pegar uma trilha ou um barco. Ou seja, não se chega diretament­e de carro.

Por uma questão de trânsito, a reportagem do Estado achou mais fácil fazer o caminho via Bertioga. Chegando na cidade, pegamos a balsa. Nos dias de semana, ela custa R$ 6,15; já no fim de semana, R$ 9,20. A travessia demora pouco mais de cinco minutos. Do outro lado, deixamos o carro em um estacionam­ento.

A trilha que leva à Praia Branca é tranquila. Em ritmo normal, o trajeto leva em média 30 minutos. Existem trechos mais inclinados pelo caminho, mas nada muito difícil de percorrer. A dica é não fazer esse percurso de chinelo (as pedrinhas podem machucar). Em algumas partes, você vai encontrar até uma espécie de corrimão feito de bambu (o que ajuda quem tem um pouco mais de dificuldad­e). Ao longo do percurso estão algumas pousadas e até alguns restaurant­es.

Claro, mesmo sendo tranquila, a trilha não é para todo mundo. Você pode optar por chegar de barco. A viagem dura, em média, dez minutos (a partir do estacionam­ento). Nesta época, o barco sai por R$ 25 por pessoa. São embarcaçõe­s simples e que, apesar dos coletes salva-vidas, dão um pouco de medo.

A Praia. A Praia Branca lembra praias do litoral norte. A faixa de areia é mais curta. Existem poucas barracas de comida, cerveja e pastel. Você não vai ouvir música alta ou aquelas caixas de som (que estão em alta há pelos menos uns três anos nas praias mais movimentad­as). O som, quando vem, não é estridente. Às vezes, você vai ouvir um reggae; outras, um forró.

Ariovaldo Pires de Camargo, de 57 anos, saiu com a família da zona leste de São Paulo para descansar na Praia Branca. “É uma praia muito diferente. Não tem aperto, não é barulhenta, o mar parece limpo. Este é um lugar para descansar de verdade”, disse. “Além de a praia ser um pouco isolada, as paisagens são lindas”, completou a filha, Bruna Aldrey de Paula Camargo.

A Praia Branca não é lotada de gringos, mas é certo que você vai encontrar pelo menos um dando um mergulho por lá. Na semana em que a reportagem esteve na praia, o chileno Jaime Olive, de 29 anos, deixou peças de roupa e mochila na areia enquanto foi dar o seu mergulho – que demorou mais de 20 minutos.

Quando Olive voltou para a areia, pasmem, tudo estava no mesmo lugar. “A praia é linda. E achei bastante segura.”

A presença de policiais não é ostensiva, mas existe uma base da PM por lá. Quem for no esquema “bate e volta” pode almoçar na Praia Branca. Pratos feitos com peixe não custam mais de R$ 30. Os pastéis são gigantes – podem ser divididos por duas pessoas – e saem a partir de R$ 10. Como de praxe, é mais caro beber. Cervejas long neck custam de R$ 8 a R$ 10.

Já quem quiser passar alguns

dias, pode optar por ficar em uma pousada (R$ 150 a diária, em alta temporada). Os locais prezam pela simplicida­de. Ainda é possível acampar na praia (o camping sai de R$ 30 a R$40 a diária). “Sempre quis acampar. A estrutura daqui é muito boa. Passei noites muito tranquilas”, contou Gustavo Claudino, de 21 anos. Existem também opções de locação via Airbnb.

Praia Preta. Quem achar a Praia Branca “popular demais” pode caminhar mais 15 minutos pela trilha e chegar à Praia Preta (uma continuaçã­o da mesma praia, mas com menos estrutura). Se a Praia Preta também for considerad­a “pop”, caminhe por uns 45 minutos (a partir da Praia Branca) e você vai chegar em um pedaço de areia ainda menor: a praia do Camburizin­ho.

As trilhas para as praias Preta e Camburizin­ho são menos amigáveis do que aquela feita para se chegar à Praia Branca. Ter a Praia Branca como base parece ser a opção mais inteligent­e na região – principalm­ente se você está com crianças ou se preza por uma infraestru­tura melhor.

Ainda assim, um passeio pela Praia Preta é compensado­r – principalm­ente para quem gosta de mar calmo. “Quando venho para cá (Praia Branca), sempre dou uma passada para o outro lado (Praia Preta). Gosto da caminhada e da paz. São praias irmãs. Mesma ‘vibe’”, disse Rogério Probatto, 36, que saiu de Osasco para se “reenergiza­r” nesse fim de ano. Quem quiser pernoitar na Praia Preta encontra opções de camping pelos mesmos valores da Praia Branca.

Importante: a Praia Branca pode ser quase secreta, mas não existe praia vazia na noite de réveillon. Segundo moradores, comerciant­es e frequentad­ores, ela também estará cheia (muito cheia) na noite da virada. Portanto, se você busca tranquilid­ade, tente conhecêla a partir do dia 2 de janeiro.

 ?? FELIPE RAU/ESTADÃO ??
FELIPE RAU/ESTADÃO
 ??  ?? Deslumbran­te.
Praia Branca lembra as do litoral norte
Deslumbran­te. Praia Branca lembra as do litoral norte
 ?? FOTOS FELIPE RAU/ESTADÃO ?? De fora. Estrangeir­os estão entre os turistas do local
FOTOS FELIPE RAU/ESTADÃO De fora. Estrangeir­os estão entre os turistas do local

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil