‘Novatos’ desafiam estrutura das legendas
Partidos discutem como receber quadros formados por grupos de formação política; PT, PSOL e PSD abrem espaço para a renovação
‘Câmara’
Desde a criação, em outubro de 2017, o RenovaBR se tornou uma referência para partidos que procuram novos quadros e também para pessoas da sociedade civil que pensam em entrar para a política. De quatro mil inscritos para o processo de seleção de primeira turma, o número subiu para 31 mil neste ano.
“A gente está muito satisfeito com o resultado eleitoral dos alunos que a gente formou. Como eles alcançaram seus objetivos, isso acaba incentivando outros
“(A renovação na eleição de 2018) Isso se materializou na Câmara, mas não se materializou no PT.” Ronald Luiz dos Santos SECRETÁRIO DE JUVENTUDE DO PT
a buscar o Renova”, disse o diretor de seleção do RenovaBR, Rodrigo Cobra.
‘Partido’. Depois do incidente envolvendo a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), que votou a favor da reforma da Previdência contrariando a orientação partidária, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) chegou a dizer que o RenovaBR é um “partido clandestino”.
Cobra, no entanto, garante que “não é nem pretende ser um partido” e não tem posição formal sobre a independência dos parlamentares em relação às legendas. Segundo ele, porém, a questão das candidaturas avulsas “é um tema que o Brasil vai ter que discutir”.
O desempenho eleitoral dos candidatos egressos dos movimentos de renovação política tem gerado discussão até em partidos com estrutura mais fechada. Em dezembro de 2018, a Juventude do PT se debruçou sobre o tema e chegou à conclusão de que a legenda não atendeu à demanda por renovação política expressada, entre outras evidências, pela renovação de 40% do Congresso Nacional nas eleições daquele ano.
“A eleição de 2018 mostrou que existe uma demanda por renovação. Isso se materializou na Câmara, mas não se materializou no PT”, disse o secretário nacional de Juventude do partido, Ronald Luiz dos Santos.
Para reverter a situação, o PT vai iniciar neste ano um projeto de renovação batizado de ‘Movimento Representa’. A ideia é buscar quadros que tenham afinidade ideológica em grupos de atividades nas periferias e também nos setores tradicionais, como o movimento estudantil, sindicalismo e campo.
A ideia é já em 2020 ter pelo menos um terço dos candidatos com menos de 35 anos, mas o resultado concreto, no entanto, só deve vir nas eleições de 2026. Segundo dirigentes do PT, o envelhecimento da bancada é fruto da decisão política de concentrar esforços e recursos nos quadros
mais experientes em 2018 para enfrentar “a onda antipetista’.
O PSOL, pioneiro em aceitar candidaturas independentes de grupos como a Bancada Ativista e o Juntos, também vai debater o assunto. “Já tivemos candidatos eleitos que vieram destes movimentos, mas isso é diferente das candidaturas independentes que partem de arranjos já consolidados na sociedade”, disse Juliano Medeiros, presidente do partido.
Outros partidos, como o PSD,
fomentaram espaços de participação para possíveis novos filiados. Em um destes eventos, a advogada Renata Cezar foi recepcionada pela ex-vice-prefeita de São Paulo, Alda Marco Antonio, e convidada a se filiar.
De acordo com assessoria do PSD, no entanto, o partido não faz uma busca ativa por alunos de movimentos de renovação e o interesse por Renata é mais pelo perfil acima da média da advogada do que pelo fato de ela ter saído do Renova BR.