O Estado de S. Paulo

Elefanta Ramba morre 2 meses após mudança

Vítima de maus-tratos na Argentina e no Chile, mamífero foi trazido ao País em outubro; animal tinha problemas renais havia 7 anos

- Felipe Cordeiro

Dois meses depois de ser levada ao Santuário de Elefantes Brasil, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, a elefanta Ramba morreu na quinta-feira, 26. Com idade estimada em ao menos 53 anos, ela pesava mais de três toneladas e sofria de problemas renais havia sete anos.

Em uma publicação nas redes sociais, o santuário comunicou a morte do mamífero e afirmou que Ramba “não tinha mais forças para lutar contra seus problemas renais”.

“Ainda que após a necropsia tenhamos mais detalhes, sua morte, apesar de dolorosa, não nos surpreende­u tanto. Quando Ramba foi diagnostic­ada com doença renal, ainda no Chile, há sete anos, tínhamos muita esperança que ela conseguiss­e viver por mais um ano, no mínimo”, afirmou o santuário. “Milagrosam­ente esse ano transformo­u-se em sete, dando-lhe forças que a ajudaram a chegar ao santuário.” De acordo com a organizaçã­o, a morte da elefanta provavelme­nte foi repentina, “pois a grama ao seu redor estava intocada”.

De origem asiática, Ramba chegou ao País em outubro, após ter sido vítima de maustratos e ser explorada como atração circense na Argentina e no Chile. O transporte do animal para o Brasil envolveu uma megaoperaç­ão no Aeroporto Internacio­nal de Viracopos, em Campinas, no interior de São Paulo. Em 59 anos de história, o terminal já havia recebido baleia, onça, canguru, avestruzes, boiadas inteiras, mas nunca um elefante. A operação de desembarqu­e mobilizou cerca de 30 pessoas.

A elefanta foi trazida no interior de uma caixa de quase 6 toneladas, com água, alimentaçã­o, temperatur­a controlada e câmeras internas de monitorame­nto. A caixa foi retirada do avião pela porta lateral, desceu de guindaste-empilhadei­ra e seguiu para o setor de cargas.

Depois de desembarca­r em Viracopos, ela seguiu em comboio rodoviário para o santuário mato-grossense, que dispõe de uma reserva de 1,1 mil hectares, o equivalent­e a 1,1 mil campos de futebol.

Na Chapada dos Guimarães, Ramba conviveu nos últimos dois meses com as elefantas Guida, Lady, Maia e Rana. O santuário levou os animais para se despedirem da companheir­a. “Já sabíamos que cada dia de Ramba, no santuário, seria uma dádiva, não apenas para ela, mas para todos que tiveram a oportunida­de de conhecê-la. Todos foram, de alguma forma, tocados por ela”, publicou o Santuário de Elefantes Brasil.

A idade de Ramba é incerta, calcula-se que tenha entre 53 e 60 anos. Em liberdade, um elefante vive até 80 anos, mas o cativeiro pode reduzir essa expectativ­a.

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SANTUÁRIO DOS ELEFANTES BRASIL Análise. Morte do animal foi repentina, segundo santuário

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