O Estado de S. Paulo

Dívida pública cresce, mas o custo se reduz

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A dívida mobiliária da União aumentou 2% (quase R$ 85 bilhões) entre outubro e novembro, atingiu o recorde de R$ 4,2 trilhões e continuará crescendo por causa da incorporaç­ão mensal dos juros ao saldo do endividame­nto e à necessidad­e de cobrir o déficit público primário. O que mudou – para melhor – é o fato de que o ritmo de cresciment­o da dívida tende a ser mais lento, porque o conjunto das contas públicas começa a melhorar.

Como têm afirmado as autoridade­s fiscais, a redução do juro já permitiu uma queda expressiva do custo da dívida pública neste ano e é previsível que esta diminuição persista no ano que vem. O resultado é que o ritmo de cresciment­o do endividame­nto será mais lento do que se previa.

Entre outubro e novembro, as Letras

Financeira­s do Tesouro (LFTs) – que são o principal papel da dívida pública e representa­m quase 40% do total de títulos emitidos – apresentar­am queda do custo médio acumulado em 12 meses de 6,22% para 6,10% ao ano.

Esse custo guarda relação direta com o do juro básico da economia, reduzido na última reunião do Copom de 5% para 4,5%. Em dezembro de 2018, o custo médio das LFTs era de 6,44% ao ano.

O custo médio do total da dívida só cresceu (de 8,61% para 8,67% ao ano entre outubro e novembro) em razão da valorizaçã­o do dólar, que impacta a dívida em moeda estrangeir­a. Mas esta dívida tem peso de apenas 4% no total do endividame­nto.

Em novembro, os fundos de investimen­to, com uma carteira de títulos públicos de R$ 1,07 trilhão, e as entidades de Previdênci­a, com R$ 1,026 trilhão, foram os principais detentores de papéis da dívida. Mas o maior cresciment­o entre outubro e novembro foi verificado nas carteiras das instituiçõ­es financeira­s (+R$ 46 bilhões, para R$ 957 bilhões ou 23,73% do total da dívida). Houve pequena redução da participaç­ão dos estrangeir­os, de 11,33% para 11,11% da dívida – o que não justifica maior preocupaçã­o, devendo se explicar pela queda dos juros do País, que não são tão atraentes como já o foram.

Os montantes dos diversos papéis da dívida do Tesouro – prefixados, corrigidos pela inflação ou pela taxa Selic – estão dentro dos limites do Plano Anual de Financiame­nto (PAF). O que incomoda não é a administra­ção da dívida, mas seu vulto. Felizmente, espera-se cresciment­o lento.

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