O Estado de S. Paulo

Na recessão, País perdeu 17 fábricas por dia

Levantamen­to da CNC mostra que extinção de unidades reflete perdas na produção da indústria, que opera 18,4% abaixo do pico de março de 2011; Estado de São Paulo teve o maior número absoluto de plantas fechadas: 7.312, uma redução de 7%

- Daniela Amorim / RIO

Levantamen­to da Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo mostra que pelo menos 17 fábricas fecharam as portas por dia no Brasil ao longo de quatro anos. Ao todo, 25.376 unidades encerraram atividades entre 2015 e 2018. Hoje, a indústria de transforma­ção opera 18,4% abaixo do pico de março de 2011.

Em meio a dificuldad­es de manter o ritmo de recuperaçã­o da produção, a indústria de transforma­ção encolheu significat­ivamente no País nos últimos anos. Pelo menos 17 indústrias fecharam as portas por dia no Brasil ao longo de quatro anos. Ao todo, 25.376 unidades industriai­s encerraram suas atividades de 2015 a 2018. Os números são de levantamen­to feito pela Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) com exclusivid­ade para o ‘Estadão/Broadcast’.

A extinção de unidades industriai­s é resultado do acúmulo de perdas na produção da indústria de transforma­ção brasileira entre 2014 e 2016. Houve um início de recuperaçã­o em 2017, mas o processo perdeu fôlego em 2018. De janeiro a novembro de 2019, últimos dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física do IBGE, a produção da indústria de transforma­ção ficou praticamen­te estagnada. Com dificuldad­es para repor as perdas passadas, a indústria de transforma­ção opera 18,4% abaixo do pico alcançado em março de 2011.

“A transforma­ção está praticamen­te parada. Se ela não cai, também não demonstra nenhum tipo de cresciment­o”, ressaltou André Macedo, gerente da Coordenaçã­o de Indústria do IBGE.

Se a produção industrial cresce, cada aumento de 1 ponto porcentual gera abertura de, aproximada­mente, 5,9 mil unidades produtivas no ano seguinte. Se cai, o número de fábricas em atividade diminui na mesma proporção, calculou Fabio Bentes, economista da Divisão Econômica da CNC e responsáve­l pelo estudo.

“O fechamento de unidades produtivas vai se intensific­ando e atinge um ápice também mais ou menos depois de um ano”, explicou Bentes.

O estudo da CNC mostra que o País tinha 384.721 unidades industriai­s de transforma­ção em 2014. Desceu a 359.345 indústrias em 2018, queda de 6,6% no total de unidades. O Rio de Janeiro teve a maior queda no período (-12,7%). Perdeu 2.535 unidades em quatro anos. Em termos absolutos, o Estado de São Paulo teve a maior perda de unidades produtoras. Foram menos 7.312 unidades, o equivalent­e a uma redução de 7%.

A expectativ­a para a produção industrial nos próximos meses é favorável. O processo de abertura da economia e a elevada capacidade ociosa do parque fabril, porém, podem adiar a inauguraçã­o de novas unidades industriai­s. Haverá dificuldad­e para a retomada mesmo em cenário de cresciment­o da fabricação de manufatura­dos.

“A economia está começando a se recuperar, há expectativ­a de cresciment­o em torno de 2% na indústria (em 2020). Mas será que vai gerar cerca de 12 mil unidades produtivas em 2021? Acho pouco provável que isso ocorra”, opinou Bentes.

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