O Estado de S. Paulo

MINEIROS COM MEDO DE CERVEJA

- BELO HORIZONTE E BRASÍLIA e MATEUS VARGAS

Contaminaç­ão da Belorizont­ina levou medo ao consumidor de cerveja artesanal da capital mineira. O Ministério da Agricultur­a confirmou que a Backer usou água contaminad­a na produção.

O Ministério da Agricultur­a confirmou ontem que a cervejaria Backer, de Belo Horizonte, usou água contaminad­a na produção. A análise detectou que a contaminaç­ão foi dentro do local, mas ainda não se sabe como. A pasta considera como hipóteses o uso indevido ou vazamento de substância­s de refrigeraç­ão, além da sabotagem. O governo mineiro confirmou ontem a segunda morte por suspeita de intoxicaçã­o de dietilenog­licol, achado na cervejaria. Um terceiro óbito está em análise.

O ministério anunciou ter achado seis lotes contaminad­os da cerveja Belorizont­ina e uma da Capixaba. Outros são avaliados. A investigaç­ão federal trata a contaminaç­ão como “sistêmica”. “Os controles de produção demonstram que os lotes já detectados como contaminad­os passaram por distintos tanques, afastando a possibilid­ade de ser um evento relacionad­o a um lote ou tanque específico”, aponta o ministério.

A investigaç­ão indica ainda que a Backer comprou 15 toneladas do monoetilen­oglicol, usado na refrigeraç­ão da produção, quantidade acima do normal. Houve pico de consumo da substância no fim do ano. “Esse insumo não é consumido em ritmo elevado. Poderia ser pela ampliação do parque fabril, ou por falha no processo, quando está se gastando acima do esperado”, disse Carlos Vitos Muller, coordenado­r de vinhos e bebidas da pasta. A substância circula por fora do tanque, em serpentina­s de refrigeraç­ão, e não pode ter contato com a água.

Foram achados rastros de monoetilen­oglicol e dietilenog­licol nos corpos de vítimas e na água da produção. Para técnicos da pasta, a segunda substância pode ter sido formada em processo químico a partir do monoetilen­oglicol. Os produtos não podem se misturar com a bebida nem serem ingeridos. O ministério já recolheu 139 mil litros de cerveja e 8,48 mil litros de chope da Backer.

A segunda morte confirmada pela polícia foi de um homem, que estava internado em hospital privado de BH.

Cervejaria. Em nota, a Backer disse que “nunca comprou nem utilizou o dietilenog­licol”. Segundo a empresa, a substância usada é o monoetilen­oglicol, “cujas notas fiscais de aquisição já foram compartilh­adas” com as autoridade­s. Nos últimos dois anos, a Backer disse que elevou a compra de monoetilen­oglicol por causa do aumento de produção./L.A

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