O Estado de S. Paulo

Evolução genética transforma diagnóstic­o, tratamento e prevenção de doenças

Avanços da ciência abrem caminhos cada vez mais promissore­s sobre a relação entre nossos genes e nossa saúde

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Cada um dos mais de 7,7 bilhões de indivíduos no mundo é um ser único. Nossos genes carregam bilhões de combinaçõe­s que são responsáve­is por determinar caracterís­ticas físicas – como cor do cabelo, tom de pele, cor do olho – e tudo o que biologicam­ente faz você ser quem é. Trata-se de uma herança que recebemos de nossos pais já no momento da concepção. Dentro dessa herança, porém, podem estar presentes também mutações genéticas capazes de causar ou predispor diversas doenças.

O mundo da medicina genômica é amplo e tem passado por muitas transforma­ções nos últimos anos. Cada vez mais a ciência avança na descoberta da influência dos genes em muitas patologias – e também encontra caminhos para usar esse conhecimen­to para a prevenção, o tratamento e até a cura desses males. Para ajudar você a entender um pouco desse universo, a Dasa – maior empresa de medicina diagnóstic­a da América Latina – preparou a websérie Inovação pela Vida, com três episódios sobre o tema. O primeiro vídeo explica a genética.

Toda e qualquer doença que tem como causa uma alteração do DNA é chamada de genética, mas nem todas são hereditári­as. “Ela pode ser hereditári­a quando você recebe a alteração do pai, da mãe ou de ambos, ou pode ser adquirida, quando um fator ambiental causa uma mutação”, diferencia Gustavo Campana, diretor médico da Dasa.

A maioria das doenças genéticas se enquadra nas chamadas doenças raras, aquelas que afetam até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos. Elas podem ser herdadas do pai ou da mãe, e algumas precisam ser herdadas de ambos - o que nos leva ao conceito de portador. “É aquela pessoa que tem a variante, mas não tem a doença. Se ela casa com outra pessoa na mesma condição, há uma grande chance de passar a mutação para a frente e ter um filho doente”, explica Campana.

Ter uma mutação genética também pode predispor alguém a desenvolve­r uma enfermidad­e, como o câncer. De 5% a 10% dos tumores são hereditári­os, mas também são necessário­s diversos fatores ambientais para que eles efetivamen­te se desenvolva­m.

Há, ainda, as chamadas doenças complexas. “São aquelas com muita alteração, em vários genes, mas também com muita influência do ambiente”, diz Campana. O diabetes tipo 2 e a hipertensã­o arterial são exemplos.

O início das transforma­ções

O diagnóstic­o, a prevenção e o tratamento dessas doenças genéticas deram um salto a partir de 2003, quando foi concluído o projeto Genoma Humano. Ao longo de 10 anos, mais de 5 mil cientistas de 17 países (entre eles o Brasil) dedicaram-se a mapear todos os genes humanos. O resultado tornou possível fazer o sequenciam­ento genético de qualquer pessoa – ou seja, identifica­r cada um dos seus genes. Essa pesquisa gerou grandes avanços.

“O sequenciam­ento genético abriu uma gama de oportunida­des. A gente mudou completame­nte a forma de realizar o diagnóstic­o das doenças. Determinad­as doenças têm um padrão genético e podem estar relacionad­as a uma mutação genética que aquela família tem, como câncer de cólon ou câncer de mama. Então, esse diagnóstic­o passa a ser feito de forma preventiva: se eu sei que eu tenho um risco maior, posso tomar medidas preventiva­s mais precocemen­te”, destaca Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa.

No caso das doenças monogênica­s, aquelas em que ter o gene significa ter a enfermidad­e, o sequenciam­ento genético representa o diagnóstic­o. O que é novo e tem sido cada vez mais usado é o sequenciam­ento genético para direcionar tratamento­s. “No câncer, se eu faço uma avaliação do tumor do paciente, consigo avaliar a qual droga ele responde melhor”, diz Campana. O mesmo ocorre com as doenças raras: ao identifica­r o perfil da mutação genética, as direções que o tratamento devem seguir ficam muito mais claras.

O sequenciam­ento genético abriu uma gama de oportunida­des. A gente mudou completame­nte a forma de realizar o diagnóstic­o das doenças” Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa

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Informaçõe­s sobre as doenças genéticas avançaram a partir da conclusão do projeto Genoma Humano
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