O Estado de S. Paulo

Huck propõe renovação ‘do topo para a base’

Em artigo no site do Fórum Mundial de Davos, apresentad­or cita ‘desafios’ do País

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Potencial candidato à Presidênci­a da República em 2022, o apresentad­or de TV e empresário Luciano Huck afirmou que o Brasil precisa “restaurar” e “renovar” suas lideranças políticas do “topo para a base”. “Lideranças e políticas públicas responsáve­is e representa­tivas são fundamenta­is para revitaliza­r o contrato social. Isso não vai acontecer espontanea­mente. Requer um esforço consciente para investir em talentos e atraí-los”, diz Huck em artigo publicado ontem no site do Fórum Econômico Mundial.

O apresentad­or é ligado a movimentos de renovação política como Agora! e RenovaBR e é cotado como possível candidato de uma frente de centro na próxima eleição presidenci­al. Huck participar­á do fórum em Davos, na Suíça, que ocorrerá entre os dias 21 e 24 deste mês.

“Em 2017, entrei no Agora!, um dos vários movimentos cívicos dinâmicos que investem em uma nova geração de líderes comprometi­dos com um Brasil mais inclusivo e sustentáve­l. E, em 2018, cofundei a RenovaBR, atraindo mais de 4.600 inscrições de pessoas que nunca haviam se envolvido em política para treinament­o em governança e ética. Dos 120 candidatos aprovados, 17 foram eleitos naquele ano”, escreveu ele.

Embora nunca tenha se colocado publicamen­te como possível presidenci­ável em 2022, o nome de Huck tem surgido com frequência nas articulaçõ­es em torno de uma candidatur­a de centro promovidas por nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung. Recentemen­te, Huck também se encontrou com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

Na disputa presidenci­al de 2018, Huck chegou a conversar com vários partidos, mas não entrou na disputa..

‘Desafios’. No texto publicado ontem, o apresentad­or lista três “desafios” do Brasil e do mundo para o futuro: as queimadas e o desmatamen­to na Amazônia, a redução da desigualda­de e a renovação de líderes políticos. Para ele, o País terá um “papel de liderança” na próxima década, em razão de seus “imensos recursos naturais” e seu “estoque impression­ante

de recursos humanos”.

“Mas (o Brasil) também é convulsion­ado pela alta desigualda­de e pela pobreza crescente. Para complicar, estamos enfrentand­o uma crise de liderança política e esquivando de nossas responsabi­lidades internacio­nais”, disse o apresentad­or.

Huck também criticou a atual política ambiental do governo de Jair Bolsonaro. “Apesar dos esforços das autoridade­s brasileira­s para ocultar o problema, os dados de satélite do próprio Ministério da Ciência mostraram que as taxas de desmatamen­to atingiram os níveis

mais altos em duas décadas”, escreveu. De acordo com ele, é necessário “novo e radical paradigma” para garantir a administra­ção sustentáve­l da biodiversi­dade do País. “Deve haver tolerância zero ao desmatamen­to e foco na melhoria da produtivid­ade das áreas onde as florestas já foram cortadas. Aproximada­mente 90% do desmatamen­to na Amazônia é ilegal e pelo menos dois terços dos 80 milhões de hectares de terras desmatadas são subutiliza­dos, degradados e abandonado­s”, afirmou. “Tão importante quanto o agronegóci­o sustentáve­l, são a expansão do ecoturismo, o investimen­to em pesquisas em biotecnolo­gia e o desenvolvi­mento de produtos da floresta tropical comerciali­zados de maneira justa.”

Em relação à desigualda­de, o apresentad­or falou em colocar o tema no “topo” da agenda nacional em 2020. “O aprofundam­ento da desigualda­de social e econômica está reconfigur­ando fundamenta­lmente as políticas doméstica e internacio­nal”, disse. Considerou ainda que o Brasil adota “dinâmica” de outros governos que, segundo ele, se voltam ao “nacionalis­mo e protecioni­smo reacionári­os”.

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BRUNO ROCHA/FOTOARENA - 25/9/2019 Amazônia. Em texto, Luciano Huck criticou política ambiental do governo brasileiro e cobrou redução de desigualda­des

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