O Estado de S. Paulo

Câmara envia impeachmen­t de Trump ao Senado

Processo deve ser rejeitado pelos senadores republican­os, mas causa constrangi­mento ao presidente, que disputa a reeleição

- WASHINGTON

A Câmara dos Deputados dos EUA, controlada pelos democratas, aprovou ontem o envio ao Senado de duas acusações formais de impeachmen­t contra Donald Trump, abrindo caminho para que o julgamento político do presidente americano comece na próxima semana.

Ao todo, 228 deputados votaram a favor do envio do processo ao Senado e 193 se opuseram. Trump é acusado de abuso de poder ao pressionar o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, a investigar o rival democrata Joe Biden em troca de uma ajuda militar – Biden lidera a maioria das pesquisas presidenci­ais.

Trump também foi acusado de obstruir a investigaç­ão sobre o caso no Congresso, ao bloquear testemunho­s e documentos solicitado­s por deputados da oposição. “Hoje, estamos fazendo história. Estamos aqui para cruzar um limite muito importante, entregando o processo de impeachmen­t de um presidente”, disse Nancy Pelosi, que chefia a Câmara dos Deputados.

A votação de ontem também aprovou a indicação de sete parlamenta­res democratas, nomeados por Pelosi, para atuar como promotores no julgamento no Senado. O presidente da Comissão de Inteligênc­ia da Câmara, Adam Schiff, um adversário de Trump que atuou como promotor federal em Los Angeles por seis anos, foi selecionad­o para chefiar o grupo.

Absolivção. Trump ainda não revelou sua equipe de defesa. O julgamento será supervisio­nado pelo presidente da Suprema Corte, John Robert. Espera-se que o Senado, que tem 53 das 100 cadeiras ocupadas por republican­os, absolva Trump, mantendo-o no cargo. Até agora, nenhum republican­o expressou apoio à remoção – para passar, o impeachmen­t precisaria de dois terços dos votos do Senado, ou seja, pelo menos 20 partidário­s de Trump teriam de abandoná-lo.

De qualquer forma, a condenação pela Câmara, no mês passado, permanecer­á como uma mancha no histórico de Trump e o julgamento no Senado, que terá uma ampla cobertura pela imprensa, pode se tornar um embaraço em um momento em que ele busca a reeleição – a disputa ocorrerá em novembro.

Durante uma cerimônia na Casa Branca para assinatura de um acordo comercial com a

China, Trump atacou o processo de impeachmen­t, que chamou de “embuste”.

Pelo Twitter, ele falou em “golpe”. “Aqui vamos nós de novo, outro golpe orquestrad­o pelos democratas que não fazem nada”, tuitou o presidente, após Pelosi indicar sua equipe de promotores.

A porta-voz da Casa Branca,

Stephanie Grisham, voltou a afirmar que “o presidente Trump não fez nada de errado”. “Ele espera ter direito no Senado ao devido processo legal, que Pelosi, presidente da Câmara, e os deputados democratas negaram. E ele espera ser completame­nte inocentado”, disse Grisham.

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SHAWN THEW/EPA/EFE Democratas. Deputados Jerry Nadler (E), Adam Schiff e Nancy Pelosi em Washington

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