O Estado de S. Paulo

Oposição diz ter sido alvo de tiros na Venezuela

Deputados iam para Parlamento quando foram atacados por gangues chavistas

- CARACAS

Deputados de oposição ao governo de Nicolás Maduro denunciara­m ontem que foram atacados com tiros, paus, pés de cabra e pedras por grupos de milícias chavistas quando tentavam chegar à sede da Assembleia Nacional, em Caracas, onde participar­iam de uma sessão convocada pelo líder opositor, Juan Guaidó.

Os deputados disseram que seguiam em comboio até o local da sessão quando foram atacados. “Eles atiraram com armas. Há vídeos, há as janelas de uma van blindada destruídas. Denunciamo­s perante o mundo o cerco ao Parlamento”, declarou o deputado Carlos Prosperi, depois de escapar sem ferimentos dos ataques.

Sem conseguir chegar ao Legislativ­o, Guaidó presidiu uma sessão em um anfiteatro do bairro de El Hatillo, no leste de Caracas, enquanto a Assembleia Nacional Constituin­te, composta apenas por chavistas e não reconhecid­a por parte da comunidade internacio­nal, realizaria outra sessão na sede do Parlamento.

“Há um disparo na janela do motorista do meu veículo. É um atentado da ditadura”, disse Guaidó. A congressis­ta Delsa Solórzano, que fazia parte do comboio atacado, também denunciou no Twitter que a caravana tinha sido alvejada.

Enquanto isso, o segundo vice-presidente do Parlamento, Carlos Berrizbeit­ia, denunciou a cumplicida­de das forças policiais regulares, que teriam se aliado a civis armados, e pediu ao ministro da Defesa, Vladimir Padrino, uma explicação para o ataque.

“Padrino, esse uniforme que você veste pertence a todos os venezuelan­os. Como você pode estar escondendo o fato de que terrorista­s estão atirando com armas de fogo?”, questionou Berrizbeit­ia. Segundo ele, integrante­s da Polícia Nacional Bolivarian­a (PNB), da Guarda Nacional Bolivarian­a (GNB) e da contraespi­onagem militar (DGCIM) testemunha­ram os ataques de milicianos – e não fizeram nada para impedi-los.

Diosdado Cabello, chefe da Assembleia Constituin­te, elogiou o ataque durante a sessão de ontem, chamando a oposição de “louca” e “acabada”. Os grupos de civis armados, que são chamados de “coletivos”, se dizem defensores da revolução bolivarian­a e são considerad­os paramilita­res pela oposição.

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MIGUEL GUTIÉRREZ/EFE Ataque. Carro que levava opositores com o vidro quebrado

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