O Estado de S. Paulo

3 PERGUNTAS PARA...

Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi

- / D.A.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi) lamenta que 2019 tenha sido recessivo para a indústria, mas acredita que o setor retome sua trajetória de recuperaçã­o neste ano, com taxas de cresciment­o ainda baixas, porém mais frequentes e consistent­es. No entanto, o cenário econômico inspira cautela, o que deve inibir a inauguraçã­o de novas indústrias, avalia o economista­chefe do Iedi.

1. Quais as perspectiv­as para a indústria em 2020?

Veio esse balde de água fria em novembro (queda de 1,2% na produção em relação a outubro), mas em 2020 o cresciment­o deve ser mais consistent­e. Sem muito vigor, será um ano de baixo cresciment­o. A construção civil deve ajudar, tem dado sinais de melhora, é um setor que consome muitos insumos. É esperado cresciment­o do consumo, ajudado pelo crédito. Os estoques industriai­s parecem relativame­nte ajustados, o que é bom, e o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) lentamente vem se aproximand­o da média anterior à crise. Ainda está abaixo, mas está melhorando.

2. O Iedi ressalta que um dado positivo recente foi o cresciment­o da produção de bens de capital para a própria indústria, que avançou 5,9% em novembro ante outubro. Isso significa retomada dos investimen­tos industriai­s?

Isso sinaliza que alguns planos de investimen­to estão sendo desengavet­ados. Não é aumento da capacidade ainda, mas tem a preocupaçã­o de modernizaç­ão do processo produtivo. Por ora é só modernizaç­ão. Pode ter alguma ampliação de capacidade produtiva, mas pontual. É mais para assegurar produtivid­ade, porque produtivid­ade é competitiv­idade.

3. É possível esperar a abertura de novas unidades produtivas nos próximos anos?

Você tem de ter confiança de que a economia está em franca expansão para ter esse tipo de projeto. O cenário para o empresário industrial ainda é de cautela.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil