O Estado de S. Paulo

Ala econômica teme ‘contaminaç­ão’ dos debates em Davos

- Adriana Fernandes

Odiscurso de inspiração nazista do secretário de Cultura, Roberto Alvim, trouxe preocupaçã­o para a área econômica na véspera da abertura do Fórum Econômico Mundial. O risco de uma repercussã­o internacio­nal de repúdio ao posicionam­ento do agora ex-secretário contaminar a imagem do Brasil no debates do fórum está no radar de assessores do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Ele desembarca em Davos, nos Alpes Suíços, onde ocorre o encontro de líderes, com a missão de “vender” o Brasil como o melhor destino para a enxurrada de recursos disponívei­s no mundo para investimen­tos. A controvers­a agenda ambiental brasileira já era um tema espinhoso para a missão do governo que participar­á do fórum, que se soma agora à desastrosa aparição de Alvim num vídeo das redes sociais.

Esse tipo de ruído só piora o quadro de quem tem a missão de trazer recursos de investidor­es para o Brasil para acelerar o cresciment­o, disse um integrante da equipe de Guedes que pediu anonimato.

Depois de concentrar o primeiro ano de governo na administra­ção dos problemas domésticos e no encaminham­ento das principais reformas estruturai­s, entre elas a da Previdênci­a, o plano do ministro é focar a estratégia para 2020 na tarefa de atrair capital externo, não especulati­vo, para financiar os projetos brasileiro­s, principalm­ente no setor de infraestru­tura.

Além de Davos, Guedes pretende reforçar sua agenda internacio­nal nos próximos meses, o que não aconteceu no ano passado, quando ele cancelou muitas viagens e não aceitou convites para viajar para o exterior.

Para atrair o olhar dos estrangeir­os, a equipe econômica pretende explorar também a perspectiv­a de acelerar a sua entrada como membro da Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico (OCDE), depois do apoio dado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à candidatur­a brasileira, formalizad­o esta semana.

Um ano após a sua primeira participaç­ão no fórum, o ministro vai levar a mensagem de que o Brasil aprofundar­á as reformas em 2020, está corrigindo erros e começou a entregar a agenda de medidas prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Sem o presidente, que cancelou a ida ao fórum, Guedes será a principal autoridade brasileira em Davos. O encontro reúne líderes mundiais e chefes das maiores empresas do mundo para discutir o aqueciment­o da economia global. A reunião deste ano será realizada entre os dias 21 e 24 deste mês.

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